Alimentação sem vesícula

Descubra como comer saudável depois da cirurgia!

14 de agosto de 2024 - às 10h00 (atualizado em 9/8/2024, às 16h33)

Mulher com cicatrizes de cirurgia para retirada da vesícula biliar, esta com uma camiseta branca, mostrando a barriga e os curativos.
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A colecistectomia é uma cirurgia para remover a vesícula biliar. O órgão pequeno em forma de saco localizado perto do fígado é responsável por armazenar a bile, um líquido produzido pelo fígado que ajuda na digestão de gorduras e vitaminas no intestino.  Segundo Valéria Goulart, Médica Nutróloga e Endocrinologista Integrativa, às vezes, pedras ou cálculos podem se formar na vesícula devido ao acúmulo de substâncias como colesterol ou bilirrubina, que se solidificam e se juntam para formar as pedras. “Essa condição pode ser influenciada por diversos fatores, como dieta rica em gorduras, obesidade, diabetes, ou mesmo alterações na composição da bile”, explica. 

Quando essas pedras se acumulam e bloqueiam os ductos biliares, isso pode causar dor e inflamação, conhecida como colecistite. Goulart ressalta que esse quadro leva à necessidade de remoção através da cirurgia. No entanto, o problema não acaba. Depois que a vesícula biliar é removida, o corpo não tem mais um local para armazenar a bile. E aí, surgem os desafios. A médica nutróloga esclarece: “O fígado libera a bile diretamente no intestino delgado para ajudar na digestão. No entanto, sem a vesícula biliar, o corpo pode ter dificuldade em digerir certos alimentos, como aqueles ricos em fibras. Por isso, é importante fazer algumas mudanças na dieta para que o corpo funcione bem após a cirurgia”, recomenda.

De acordo com Clariana Colaço, nutricionista especializada em transtornos alimentares pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, no início, algumas pessoas tendem a sentir dificuldades, mas com o tempo, os novos hábitos ficam comuns. “Muitos se adaptam bem à remoção da vesícula biliar e podem continuar a levar uma vida normal com algumas modificações na dieta. É importante notar que os efeitos da retirada do órgão na digestão podem variar de pessoa para outra, e algumas podem experimentar sintomas mais significativos do que as demais”, pontua.

Recomendações: o que comer?

Assim como os sintomas mudam de pessoa para outra, Goulart ressalta que as necessidades alimentares também podem variar. Abaixo, ela compartilha algumas diretrizes gerais, mas sempre com aconselhamento médico individualizado.

  • Dieta baixa em gorduras: priorize alimentos com baixo teor de gordura, pois a ausência da vesícula biliar dificulta a digestão. Isso inclui reduzir o consumo de alimentos fritos, gorduras saturadas (como as encontradas em carnes gordurosas e produtos lácteos integrais) e escolher cortes magros de carne, leite desnatado ou semi-desnatado e produtos lácteos com baixo teor de gordura;
  • Refeições menores e mais frequentes: fracionar a alimentação em porções menores ao longo do dia pode ajudar a evitar a sobrecarga do sistema digestivo, facilitando a digestão e absorção de nutrientes sem a vesícula biliar;
  • Alimentos ricos em fibras: incluir uma boa quantidade de fibras na dieta ajuda a regular o trânsito intestinal e pode prevenir a constipação, um sintoma comum após a remoção da vesícula. Alimentos ricos em fibras incluem frutas, verduras, legumes, grãos integrais e cereais;
  • Hidratação: manter-se bem hidratado é essencial para uma digestão eficiente e para ajudar a fibra a cumprir sua função no organismo. Beber água suficiente ao longo do dia é crucial;
  • Suplementação, se necessária: devido à dificuldade na absorção de vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), pode ser necessário considerar a suplementação, sob orientação médica;
  • Atenção à ingestão de ácidos graxos essenciais: mesmo com uma dieta baixa em gorduras, é importante garantir a ingestão de ácidos graxos essenciais, como ômega-3, encontrados em peixes gordurosos, nozes e sementes de linhaça, pois eles são cruciais para a saúde geral.

Alimentos que devem ser evitados 

Goulart e Colaço reforçam que, assim como alguns alimentos são indicados para consumo, existem aqueles que podem levar a desconforto digestivo. Elas citam alguns que devem ser evitados ou consumidos com moderação.

Ricos em gorduras

  • Fast-food e frituras;
  • Carnes vermelhas gordurosas e peles de aves;
  • Produtos lácteos integrais, como leite, queijo e creme de leite;
  • Alimentos processados e embutidos;
  • Manteiga, banha e óleos de cozinha em excesso;
  • Alimentos e snacks ricos em gorduras trans e saturadas;

Alimentos que causam gases e inchaço

  • Leguminosas (feijões, lentilhas, grão de bico);
  • Vegetais crucíferos (brócolis, couve-flor, repolho);
  • Alimentos ricos em frutose ou sorbitol, como algumas frutas e seus sucos;

Comidas picantes e condimentadas: podem irritar o sistema digestivo de algumas pessoas, levando a desconforto.

Cafeína e bebidas alcoólicas: estimulam o sistema digestivo e podem aumentar os sintomas de desconforto para algumas pessoas;

Alimentos muito processados: além de serem ricos em gorduras, também podem conter aditivos que dificultam a digestão.

 

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