Vinho na dieta: saiba quais são os pontos positivos e negativos

Gosta de degustar um bom um vinho, mas tem medo de comprometer a saúde? Veja nossas dicas!

19 de março de 2023 - às 22h48 (atualizado em 4/3/2024, às 16h15)

Mulheres brindando com vinho à mesa
Crédito:

Envato

Escrito por

Júnior Ferreira

Redator

Em 2022, a Diretoria de Agronegócio do Itaú BBA publicou que o vinho se tornou a bebida da pandemia, tendo aumentado sua base de consumidores no país para 51 milhões de pessoas e a estimativa era de que esse número aumentasse ao longo do ano. Esse número mostra que mais de 36% da população adulta do país consome a bebida. Outro dado também divulgado pela Diretoria, foi que em 2020 os brasileiros compraram 430 milhões de litros de vinho, o que representa um aumento de 18,4% em relação ao ano anterior.

O vinho é uma bebida rica em compostos nutricionais importantes para a saúde. Esses compostos são chamados de polifenóis e são oriundos das uvas. Quando consumido com moderação, por meio desses polifenóis, pode-se conseguir diversos benefícios do vinho.

Roberto Amaral, médico especialista em emagrecimento, explica que um desses polifenóis antioxidantes se chama resveratrol e que, em alguns estudos, ele se mostrou protetor da saúde cardiovascular, prevenindo a aterosclerose, contribuindo para o aumento do colesterol bom (HDL) e prolongando a vida, ativando uma enzima da longevidade, chamada SIRT 1.

Porém, segundo o médico, mesmo o vinho não sendo uma das bebidas mais alcoólicas, o consumo excessivo pode causar distúrbios sociais, intoxicação etílica levando ao coma, sobrecarga no fígado, cirrose, câncer, alterações no sistema cardiovascular, alteração na pressão arterial, frequência cardíaca e arritmias.

 

Benefícios do vinho

Amaral ressalta que o consumo de bebidas alcoólicas nos dias de hoje tem uma conotação social importante e isso não pode ser esquecido. “O álcool não é apenas uma bebida que altera a consciência, ele tem sido um importante catalisador para a cultura humana” esclarece o médico.

“Alguns trabalhos mostraram que consumidores moderados de vinho vivem mais do que os abstêmios, possivelmente por causa do resveratrol e da maior integração entre as pessoas em momentos de lazer e festas”, afirma Amaral.

Os polifenóis, como o resveratrol, podem trazer benefícios ao organismo, entre os benefícios estão:

  • Ações antioxidantes, anti-inflamatórias e vasodilatadoras;
  • prevenção contra o colesterol ruim (LDL) e aumento do colesterol bom (HDL);
  • prevenção contra as placas de gordura nas artérias;
  • prevenção contra doenças degenerativas, como o Alzheimer, por exemplo;
  • prevenção contra doenças do coração;
  • prevenção contra o câncer;
  • prevenção contra a osteoporose;
  • prevenção contra o envelhecimento precoce;
  • auxílio no fortalecimento do sistema imunológico;
  • auxílio na proteção contra infecções;
  • aceleração do metabolismo;
  • contribuição para a melhoria da memória;
  • contribuição para a melhoria das funções motoras;
  • contribuição para a melhoria das funções hepáticas e renais;
  • contribuição para a melhoria do funcionamento do sistema gastrointestinal;
  • auxílio na redução da pressão arterial;
  • auxílio na diminuição do risco de desenvolvimento de trombose e derrame (AVC);
  • auxílio na diminuição do risco de infarto;
  • inibição de inflamações nas veias;
  • auxílio no retardo da progressão de aterosclerose;
  • prevenção contra a agregação plaquetária;
  • auxílio na prevenção contra inflamações no sistema linfático;
  • auxílio para impedir que cáries se desenvolvam;
  • auxílio no emagrecimento.

 

Polifenóis presentes no vinho

  • Taninos;
  • flavonoides;
  • resveratrol;
  • ácido tartárico;
  • ácido fenólico;
  • ácido elágico;
  • piceatannol.

 

Polifenóis em diferentes tipos de vinho

Tannat, Sirah e Malbec

São exemplos de vinhos de uvas com as cascas mais escuras e que tendem a ter maior concentração de polifenóis. Pensando nos benefícios que a bebida pode oferecer, eles são as melhores opções.

Pinot Noir, Grenache e Rosé

Pinot noir e Grenache também são vinhos de uvas tintas, mas são exemplos de uvas com coloração um pouco mais claras, assim, não trazem uma concentração tão alta de polifenóis e, portanto, carregam menos benefícios também. Vinhos Rosé também se enquadram aqui.

Vinho Branco

Possui baixa concentração de polifenóis. Dessa forma, não são expressivos em relação aos benefícios.

 

Consumo de bebidas alcoólicas

É importante lembrar que esses benefícios podem ocorrer com o consumo moderado da bebida e de maneira geral, uma sugestão é que um adulto saudável deve consumir, no máximo, uma taça de 150 ml por dia (o que está de acordo com a orientação da OMS – Organização Mundial de Saúde – sobre consumo moderado). Assim, é possível obter os benefícios do vinho e de seus polifenóis.

Há também indicações médicas sobre o consumo moderado de bebidas alcoólicas para adultos saudáveis:

  • Até um drinque por dia para mulheres de todas as idades;
  • Até um drinque por dia para homens com mais de 65 anos;
  • Até dois drinques por dia para homens com 65 anos ou menos.

Um drinque equivale a:

  • 355 ml de cerveja;
  • 148 ml de vinho;
  • 44 ml de destilados.

 

Opinião Médica

Andrea Pereira, médica nutróloga do hospital Israelita Albert Einstein e cofundadora da ONG Obesidade Brasil, pondera que existem controvérsias sobre o vinho fazer bem ou não para a saúde, ou seja, alguns estudos demonstram que há benefícios, porém, outros não. Ela aponta o resveratrol como a substância benéfica do vinho e observa que alguns estudos associam a substância à redução do colesterol ruim e aumento do colesterol bom, reduzindo o risco cardiovascular, mas também lembra que há estudos que não demonstram nenhum benefício.

“Quanto ao álcool presente no vinho, existem vários estudos demonstrando que o abuso pode levar a problemas hepáticos, no trato gastrointestinal e aumento do risco de vários tipos de câncer”, alerta a médica.

Andrea cita que tanto a American Heart Association (organização norte-americana sem fins lucrativos, que tem a finalidade de diminuir mortes por problemas cardiovasculares) quanto o National Heart, Lung and Blood Institute (Instituto Nacional do Coração, Pulmões e Sangue, também norte-americana) não recomendam que se comece a beber álcool apenas para prevenir doenças cardíacas.

O álcool pode causar dependência e causar ou piorar outros problemas de saúde. Beber muito álcool aumenta o risco de acidentes, violência, suícidio, insuficiência cardíaca, pressão alta e vários outros problemas de saúde. Além disso, é contraindicado para gestantes, portadores de doenças no fígado ou pâncreas, pessoas que utilizam remédios controlados e pessoas que fazem controle de peso.

 

Outros pontos negativos

  • Para quem faz musculação buscando hipertrofia (aumento dos músculos), o álcool pode atrapalhar a recuperação muscular, prejudicando a eficácia dos treinos;
  • também atrapalha a síntese de proteínas;
  • consumir vinho constantemente pode escurecer o esmalte dos dentes.

Amaral lembra que o consumo excessivo de álcool também pode causar fibrilação atrial (um tipo de arritmia), aumentar o tamanho do coração (miocardiopatia alcoólica), causar danos no sistema digestivo, como úlceras, hemorragias digestivas e pancreatite, que costuma ser bem grave e levar à morte, além de poder causar danos cerebrais irreversíveis, deficiência de vitaminas do complexo B e aumentar a chance de câncer de mama.

 

Coloque em prática

Independente de qual bebida alcoólica for consumida, deve ser  feita com moderação. Seu consumo em excesso traz muitos malefícios.

A ingestão de vinho de forma moderada pode trazer benefícios, mas se for para fazê-lo pensando apenas nesse ponto, o consumo de suco de uva natural traz os mesmos benefícios sem os malefícios do álcool.

Uma dica importante é que além de ser encontrado nas uvas tintas, o resveratrol também é presente em cranberries e amendoins.

 

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