Ovos na alimentação: Mitos e verdades sobre sua saúde cardíaca

No universo da alimentação saudável, os ovos há muito tempo foram envoltos em mitos e verdades. Entretanto, segundo Valéria Machado, diretora científica da SOCESP (Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo), estudos comprovam que quando consumidos com moderação, eles podem desempenhar um papel valioso para uma vida mais saudável. Os ovos são uma fonte de proteína de alta qualidade, repletos de nutrientes essenciais, incluindo a colina, fundamental para a saúde cerebral. Além disso, são uma opção acessível e prática para incorporar vitaminas e minerais na dieta. 

 

De acordo com o Departamento de Nutrição da SOCESP, nos últimos 10 anos, pesquisas mostraram que, na verdade, o que contribui para o resultado negativo do consumo de ovo é a forma de preparo. Segundo os estudos, a manteiga, com 51% de gordura saturada, é companheira frequente do ovo, e ela seria o grande problema. Já o ovo tem cerca de 40% de gordura saturada e 60% de gordura insaturada.

 

Cozido, mexido, frito, pochê e até mesmo cru, o ovo já foi amado e odiado. Há algumas décadas, ele era considerado um dos principais inimigos do coração por seu alto nível de colesterol. Depois, ele virou queridinho da saúde e passou a ser consumido em altas quantidades, principalmente por quem quer ser fitness e ganhar músculos. Estudo elaborado pela TCP Partners mostrou que o brasileiro deverá consumir mais ovos em 2023. O crescimento deverá ser de cerca de 5,6% em relação a 2020, quando apresentou um aumento de 5,4% em relação a 2010.

 

No entanto, pesquisa publicada na revista científica JAMA, alertou que ingerir mais de três ovos por dia pode ser perigoso para a saúde. O levantamento, que contou com quase 30 mil pessoas, por 17 anos e meio, revelou que o problema é o colesterol presente nele. Um ovo grande contém cerca de 186 ml de colesterol dietético. A pesquisa mostrou que indivíduos que ingerem mais de 300 miligramas de colesterol por dia estão 4,4% mais propensos a sofrer de morte prematura e apresentam risco 3,2% maior de doença cardíaca. Cada meio ovo extra consumido por dia – o que totalizaria apenas três a quatro ovos a mais por semana – pode indicar um risco 1,1% maior de doença cardiovascular e probabilidade 1,9% maior de morte prematura por qualquer causa. 

 

Consumo de ovos: mitos e verdades 

 

Segundo Nicolle Queiroz, médica cardiologista, professora na Universidade Nove de Julho, coordenadora do PS do Hospital Público do Ipiranga, em São Paulo, e especialista em cardiologia do esporte, existem vários mitos e verdades em relação ao consumo de ovos para a saúde. Ela destaca que, por muito tempo, a Associação Médica considerava o ovo como um vilão, principalmente para o coração.

 

Queiroz destaca alguns mitos e verdades que a área considerava e agora pensa de forma diferente.

 

• Mito: Comer ovos aumenta o colesterol

Por muitos anos, acreditava-se que os ovos contribuíam para o aumento do colesterol no sangue. No entanto, estudos mais recentes mostraram que o consumo moderado de ovos não está necessariamente associado a um aumento significativo nos níveis de colesterol em pessoas saudávei; 

 

• Verdade: Os ovos são uma ótima fonte de nutrientes

Os ovos são ricos em proteínas de alta qualidade, vitaminas B12, D e E, além de minerais como selênio e colina. A colina, por exemplo, desempenha um papel importante na saúde do cérebro. Para pessoas que estão fazendo dieta restritiva de carboidratos ou bariátrica, o ovo é uma excelente opção, além de dar saciedade.

 

• Mito: Comer ovos todos os dias faz mal

Consumir ovos diariamente pode ser saudável, desde que seja parte de uma dieta equilibrada. O importante é considerar a quantidade total de alimentos e a variedade na dieta;

 

• Mito: A cor da casca do ovo afeta sua qualidade nutricional

A cor da casca do ovo (branco ou marrom) não afeta seu valor nutricional. A diferença na cor da casca está relacionada com a raça da galinha que o botou;

 

• Mito: É melhor evitar a gema e comer apenas a clara

A gema do ovo contém a maioria dos nutrientes, incluindo gorduras saudáveis e antioxidantes. Portanto, a menos que você tenha alguma restrição específica, como alergia ou intolerância, é recomendado consumir o ovo inteiro.

 

É importante lembrar que cada pessoa é única, e uma dieta balanceada deve ser prescrita pelo profissional de saúde. Uma equipe multidisciplinar deve observar esse paciente e indicar a melhor dieta e quantidade de cada alimento.

 

 

 

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