De onde vem o Botox: conheça a origem da toxina botulínica

Uma doença grave possibilitou a descoberta da toxina

24 de março de 2023 - às 00h35 (atualizado em 31/10/2023, às 12h46)

Médico aplica botox na boca de mulher
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Foram necessários dois séculos para que o Botox e todos os seus benefícios atingissem a popularidade desfrutada hoje em dia. Sua origem está na descoberta da toxina botulínica A (TxB).

Trata-se de uma neurotoxina produzida pela bactéria Clostridium botulinum, causadora do botulismo. Entre os sintomas dessa grave patologia, está a paralisia da musculatura respiratória, de braços e pernas.

 

De onde vem o Botox?

Ao se perguntar de onde vem o botox, descobre-se que essa bactéria é encontrada na natureza, mas pode contaminar alimentos, principalmente conservas e enlatados. É a ingestão desses alimentos contaminados que pode causar o botulismo.

O primeiro estudo sobre botulismo foi feito em 1817, pelo médico e poeta alemão Justinus Kerner (1786-1862). Ele debruçou-se sobre um caso ocorrido no final do século 18, que provocou a morte de várias pessoas, na cidade alemã de Württemberg, após o consumo de salsicha defumada contaminada. Daí, o nome botulinum, que vem do latim botulus e significa salsicha, ter batizado a doença.

A toxina botulínica só foi isolada em 1895, pelo bacteriologista belga, Émile van Ermengem (1851-1932). Desde as pesquisas de Kerner, a toxina era estudada visando seu uso medicinal.

O oftalmologista norte-americano, Allan Brown Scott (1932-2021), vinha pesquisando a toxina para o tratamento de problemas oculares. Em 1977, graças aos excelentes resultados do tratamento não invasivo de estrabismo, Scott conseguiu que o FDA – Food and Drugs Administration (equivalente à Anvisa no Brasil), aprovasse sua criação, o medicamento denominado Oculinum, em 1977.

Após a aplicação do produto, através de injeções nos músculos dos olhos, seus pacientes passaram a relatar um dos efeitos colaterais da medicação – a melhoria da aparência da pele e diminuição das rugas.

 

Outros usos do Botox

O que muitas pessoas não sabem é que a toxina botulínica também é usada para tratar uma série de doenças neurológicas, oftalmológicas e ortopédicas, desde o início da década de 1970.

Há casos de dores de cabeça causadas por tensão na cervical, que também podem ser amenizadas com aplicações de Botox.

Os dermatologistas a utilizam com fins cosméticos desde 1987 e mais recentemente, passaram a utilizá-la no tratamento de hiperidrose (suor excessivo nas mãos, pés e axilas).

Também tem sido utilizada para auxiliar no tratamento do bruxismo. Pelo fato de relaxar os músculos, a toxina reduz a força de concentração da musculatura e pode ajudar no tratamento de casos mais severos, juntamente com outros procedimentos, como a placa miorrelaxante.

Nesses casos, o tratamento deve ser indicado por um médico ou dentista, no caso de bruxismo.

 

Quando o Botox é indicado?

Fabiana Pedreira, médica dermatologista, explica que as indicações atuais aprovadas pela Anvisa são para doenças neurológicas, doenças oftalmológicas, doenças dermatológicas, além de doenças do trato urinário. “Estrabismo, blefaroespasmo, espasmo hemifacial, as distonias, que são as diferenças de movimento, ou então a espasticidade, que é aquela diferença de movimentos de um lado para o outro, ou dificuldade de movimento, ou então excesso de movimento. Ele controla essa movimentação”, completa a médica.

“No trato urinário, a incontinência urinária e a bexiga hiperativa também contam com o auxílio da toxina botulínica aplicada diretamente na bexiga, porque a substância controla a vontade da pessoa urinar e isso melhora muito a qualidade de vida dela”, afirma Fabiana.

 

A marca Botox

Outro ponto importante para entender de onde vem o Botox, é entender de onde vem o seu nome. Em 1991, Scott vendeu os direitos da marca Oculinum, para a indústria farmacêutica norte-americana,  Allergan, que rebatizou o produto como Botox. Em 2002, a FDA liberou a medicação para uso cosmético.

A partir daí, o procedimento estético vem sendo um dos mais procurados no mundo.  É o que aponta uma pesquisa realizada em 2022, pela entidade norte-americana Isaps (Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica Estética, em português), que mostra que a prática chega a 43% dos procedimentos realizados.

 

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