Imagem pessoal: a primeira impressão é a que fica?

A expressão “a primeira impressão é a que fica” é um ditado popular cuja autoria é desconhecida. Essa frase é quase sempre usada para ressaltar a importância da primeira imagem que uma pessoa causa, destacando que muitos costumam formar julgamentos iniciais que podem perdurar por um longo tempo. No contexto da imagem pessoal, segundo o estudo de Bert Decker, especialista em comunicações e fundador da Decker Communications, empresa focada em treinamento em comunicação e desenvolvimento de habilidades de apresentação, o cérebro forma a primeira impressão sobre a pessoa vista em apenas 2 segundos; nestes primeiros instantes, cria 50% da imagem.

De acordo com o psicólogo Filipe Colombini, é comum associarem a personalidade e a identidade de alguém apenas pelas escolhas das roupas ou por ambientes em que elas se encontram. No entanto, ele ressalta que existem outros aspectos que devem ser levados em conta, como a postura, o jeito de agir e até a maneira de falar. “A imagem pessoal não é apenas aquilo que se mostra aos outros. Obviamente, existem regras sociais das quais a imagem pessoal é importante para o outro. É essencial discriminar e contextualizar que tipo de imagem se quer passar, dependendo de determinadas demandas e contextos. A imagem que alguém projeta, por exemplo, numa roda de amigos, é diferente da imagem que ela vai transmitir em uma reunião ou em uma apresentação num congresso”.

Além disso, Colombini destaca que a imagem pessoal também está vinculada ao autocuidado, autoestima e autoexpressão. Mariana Faria, consultora de imagem e estilo explica que os seres humanos naturalmente são atraídos pelo visual. “Basta pensar em uma paisagem com um lago limpo, árvores frutíferas, flores e frutos bonitos e saborosos, e compará-la à imagem de um cenário completamente diferente, onde há sujeira por todo lado, galhos secos, lixo e coisas apodrecidas. Certamente, a sensação de paz, alegria, encanto e bem-estar virá da primeira imagem. Seja na vida pessoal ou na profissional, a imagem pessoal é a sua primeira forma de comunicar-se; ela prepara o terreno para que a sua inteligência, seus sentimentos e suas qualidades sejam demonstrados”, pontua. 

Imagem pessoal e aparência são coisas distintas

Segundo  o psicólogo Filipe Colombini, a imagem pessoal e a aparência são percepções diferentes. “Porque você pode melhorar a imagem pessoal ou incrementar a imagem pessoal a partir da aparência. Mas o autocuidado tem muito mais do que estar bem vestido ou estar com a pele boa, ou cuidar do cabelo, maquiagem, etc. A imagem pessoal tem um processo totalmente relacionado com o autoconhecimento, com a autoestima. Saber quem você é, qual imagem você passa a partir de diferentes contextos. Isso tem a ver com perguntas importantes. Quem eu sou? O que eu quero buscar na minha vida? Quais são os meus valores? Quais são meus objetivos? O que eu persigo? Quais são meus gaps emocionais? Quais são as dificuldades que eu tenho em termos de regulação, entendimento emocional? Tudo isso tem a ver com a imagem pessoal. A imagem pessoal não é sempre ligada ao outro, ao ambiente externo. Mas, sim, também ao seu ambiente interno, seu ambiente privado, que tem a ver, por exemplo, estritamente relacionado com seus valores pessoais”, esclarece.

A consultora de imagem e estilo resume: “podemos dizer que a aparência é o que somos fisicamente; imagem pessoal é o que desenvolvemos para comunicar tudo o que somos, incluindo valores, características e crenças”. 

Imagem pessoal, vida profissional e psicoterapia

Pensar em psicoterapia é trabalhar na própria imagem pessoal, e nesse contexto, é possível compreender como a imagem pessoal pode ser uma aliada valiosa na vida profissional. O psicólogo Colombini destaca a importância desse processo, ressaltando que a imagem pessoal não é algo estático, mas sim dinâmico, relacionado não apenas à estética, mas ao movimento, às ações de compromisso e valores.

Além disso, ele  enfatiza que o autoconhecimento é fundamental. “Ao entender quem você é e quais são seus valores de vida, você fortalece não apenas a sua imagem pessoal, mas também habilidades essenciais para o ambiente profissional, como o autocontrole, tomada de decisão e resolução de problemas”, explica. 

Ao falar sobre a perseguição de valores, o psicólogo destaca a importância de lidar com um caminho que pode ser suave ou desafiador, reconhecendo a dialética entre ônus e bônus. Essa compreensão, segundo Colombini, é crucial para a própria imagem pessoal e para enfrentar decisões importantes na vida profissional.

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