Micropigmentação da aréola: restaurando a autoestima após mastectomia

Uma em cada cinco mulheres submetidas à mastectomia perde parte crucial da anatomia mamária, conforme a Sociedade Brasileira de Mastologia

23 de outubro de 2023 - às 15h24 (atualizado em 24/11/2023, às 13h58)

Mulher nua cobre os seios com as mãos e segura uma fita rosa, da campanha contra o câncer de mama
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A perda da aréola é uma preocupação importante para as pessoas que precisaram fazer mastectomia devido ao câncer de mama. Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, uma em cada cinco mulheres que fazem mastectomia perde essa parte fundamental da anatomia mamária. No entanto, apesar de, em alguns casos, não ser possível salvá-las, existe maneira delas serem restauradas. A micropigmentação da aréola é um procedimento que vem se destacando no resgate da autoestima dessas pessoas. Trata-se de uma técnica em que pigmentos são aplicados na pele para criar uma aréola em casos de perdas na mastectomia, por exemplo. É semelhante a fazer uma tatuagem, mas é focada em criar uma imagem realista. Andreia Ferreira, especialista em reconstrução de aréolas, destaca: “A micropigmentação areolar é uma verdadeira obra de arte, pois ajuda na reconstrução total ou parcial. É realizada em casos de perda total ou necrose, baseada em desenhos realistas, com efeitos de projeção e profundidade”.

 

De acordo com Ferreira, a micropigmentação é realizada no mínimoseis meses após a mastectomia ou de qualquer outro procedimento, seja cirurgia pós-oncológica ou estética. Ela esclarece que a micropigmentação não é um procedimento cirúrgico e pode ser realizada em uma clínica ou estúdio. “Alguns a chamam de micropigmentação, dermopigmentação, ou até mesmo tatuagem, mas devido à sua falta de permanência total, não costumo usar o termo tatuagem”. 

 

Segundo Ferreira, a micropigmentação não é um trabalho permanente, o que possibilita a pessoa passar por mais procedimentos, caso necessário. “Ela pode ser removida, e se não for retocada ao longo dos anos, gradualmente irá desaparecer. No entanto, geralmente, as pessoas gostam do resultado e retornam para retoques. Em média, a micropigmentação dura de dois a cinco anos. A durabilidade do procedimento depende de fatores como a quantidade de quimioterapia e radioterapia que a pessoa recebeu e como isso afeta a pele”. 

 

Micropigmentação: aliada da autoestima e saúde mental

 

Para Ferreira, a micropigmentação é aliada da autoestima e saúde mental das pessoas. “Quando alguém passa por procedimentos cirúrgicos, como mastectomias, a perda de características corporais pode afetar profundamente a sua autoconfiança. No entanto, a micropigmentação oferece uma maneira de restaurar não apenas a estética, mas também a sensação de normalidade e beleza.”. Ela destaca que ao redesenhar detalhes como a aréola e o mamilo, ela devolve às pessoas a sensação de integridade e feminilidade, que muitas vezes se perde após a cirurgia. “Esse toque de renovação física e emocional tem o poder de elevar a autoestima e, o melhor de tudo, reduzir as chances de enfrentar a depressão. Dessa forma, a micropigmentação não apenas recupera a beleza, mas também o ânimo e a confiança, fortalecendo a saúde mental e proporcionando uma visão mais positiva da vida”. 

 

Ferreira ressalta que a reconstrução com micropigmentação é um procedimento único, e muitas vezes, nenhum outro profissional que não seja um micropigmentador pode oferecer. “Para garantir um bom resultado, é importante que seja realizado por profissionais que dominem essa técnica, pois envolve desenho e implantação de pigmento na pele. Portanto, esse é um trabalho exclusivo e de extrema importância, já que após uma cirurgia de remoção, não há nada que possa devolver a aréola e o mamilo”. 

 

Opções de reconstrução da aréola e do mamilo

 

É sempre importante conversar com médicos e cirurgiões antes de fazer a mastectomia. Isso ajuda a tomar decisões bem informadas, considerando o histórico médico.

 

Tipos de reconstrução 

 

Mamilo

 

  • Retalho local: pode ser utilizado um retalho local, com ou sem o enxerto de um fragmento de cartilagem para manter a projeção do mamilo;

 

  • Uso de mamilo contralateral: em alguns casos, pode ser feito o uso de enxerto de parte do mamilo do seio contralateral, especialmente se este estiver hipertrofiado;

 

  • Enxerto de lóbulo de orelha: outra opção é o enxerto de lóbulo de orelha para reconstruir o mamilo.

 

Aréola

 

  • Enxerto de pele: a aréola pode ser reconstruída usando enxerto de pele da aréola contralateral, caso esta esteja hipertrofiada;

 

  • Enxerto de pele de outras regiões: alternativamente, a pele da raiz da coxa, da axila ou até mesmo da mucosa dos pequenos lábios vaginais pode ser usada para a reconstrução da aréola;

 

  • Micropigmentação ou tatuagem especializada: é uma técnica que utiliza pigmentos para criar uma coloração semipermanente que se assemelha à da aréola original, conferindo uma aparência natural. 

 

 

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