Alzheimer: entenda os estágios da doença e os sinais de alerta
Estima-se que atualmente existam 1,2 milhão de brasileiros com a doença. Em 2050, a projeção é que esse número chegue a 4 ou 5 milhões
30 de julho de 2024 - às 10h10 (atualizado em 27/7/2024, às 09h54)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
O Alzheimer é uma doença neurodegenerativa, progressiva e ainda sem cura, que afeta, normalmente, pessoas com mais de 65 anos de idade. Segundo o Ministério da Saúde (MS), as mulheres recebem mais esse diagnóstico do que os homens, em parte porque elas têm uma expectativa de vida mais alta. Embora não existam dados consolidados no país, estima-se que atualmente existam 1,2 milhão de brasileiros com a doença. Em 2050, a projeção é que esse número chegue a 4 ou 5 milhões. Alessandra Rascovski, médica endocrinologista, explica que o Alzheimer pode comprometer diversas funções cognitivas, como memória, linguagem, raciocínio, humor, comportamento e percepção do mundo. Ela destaca que os sintomas são progressivos e vão desde o esquecimento até a dependência completa em cuidados básicos, como alimentação e higiene.
O cérebro durante o desenvolvimento do Alzheimer
Rascovski destaca que, basicamente, a doença é caracterizada pela formação de duas estruturas anormais no cérebro: placas de proteínas beta-amiloide e amaranhados de proteínas tau. “A primeira são aglomerados de proteínas que se acumulam entre os neurônios no cérebro de pessoas com Alzheimer. Já os emaranhados de proteínas tau são estruturas anormais que se formam dentro dos neurônios, interferindo na sua função e contribuindo para a morte celular. Ambas as características são marcadores neuropatológicos da doença e desempenham um papel significativo na progressão dos sintomas”, esclarece.
De acordo com a médica endocrinologista, essas estruturas interferem na comunicação entre as células nervosas e causam danos ao tecido cerebral. “Podemos exemplificar que as regiões saudáveis funcionam como trilhos de trem, pois as moléculas de nutrientes, partes de células e outros tipos de materiais precisam viajar nesses trilhos. E, a proteína tau possui uma importante missão: manter esses trilhos retos e alinhados. Quando a proteína tau é convertida em filamentos emaranhados, eles acabam se rompendo e se desintegrando, fazendo com que os suprimentos essenciais não se movimentem através das células, que acabam morrendo. A comparação com trilhos de trem ajuda a entender como as proteínas tau normalmente mantêm a estrutura celular em ordem, mas quando se tornam anormais, causam problemas no transporte de nutrientes essenciais, levando à morte das células nervosas”, salienta.
Ela ressalta que após a morte das células nervosas, ocorre uma deterioração adicional do tecido cerebral. “Isso resulta em uma progressão dos sintomas do Alzheimer, incluindo uma deterioração contínua da memória, do pensamento e do comportamento. Os danos no cérebro também afetam outras funções corporais, como habilidades motoras e controle de funções autônomas, levando a complicações adicionais à medida que a doença progride”, pontua.
10 sinais de alerta
- Problema de memória que chega a afetar as atividades e o trabalho;
- Dificuldade para realizar tarefas habituais;
- Dificuldade para se comunicar (as palavras às vezes fogem);
- Desorientação no tempo e no espaço;
- Diminuição da capacidade de juízo e de crítica;
- Dificuldade de raciocínio;
- Colocar coisas no lugar errado, muito frequentemente;
- Alterações frequentes do humor e do comportamento;
- Mudanças na personalidade;
- Perda de iniciativa para fazer as coisas.
Estágios do Alzheimer
Alessandra Rascovski destaca que, embora o Alzheimer progrida gradualmente, é possível identificar sua evolução por meio de quatro estágios distintos. Esses estágios fornecem uma compreensão clara da progressão da doença e dos desafios enfrentados pelos pacientes em cada fase.
Estágio 1: forma inicial
- Alterações de memória: neste estágio, é possível observar um declínio na capacidade de lembrar informações recentes e passadas;
- Mudanças na personalidade: o paciente pode apresentar variações de comportamento, como irritabilidade ou apatia, em comparação com seu estado anterior;
- Dificuldades com habilidades espaciais e visuais: tarefas que exigem percepção visual ou orientação no espaço podem tornar-se desafiadoras;
Estágio 2 (forma moderada)
- Dificuldade na fala: a comunicação verbal se torna mais difícil, com lapsos na articulação de palavras e frases;
- Dificuldade na realização de tarefas cotidianas: atividades simples, como vestir-se ou preparar refeições, começam a exigir mais esforço e tempo;
- Agitação e insônia: a pessoa pode ter dificuldade em adormecer ou permanecer dormindo, acompanhada por períodos de inquietação;
Estágio 3 (forma grave)
- Maior resistência para atividades diárias: atividades básicas, como tomar banho ou se alimentar, tornam-se desafiadoras devido à perda de habilidades motoras e cognitivas;
- Incontinência fecal e urinária: o controle dos esfíncteres fica comprometido, levando a episódios involuntários de perda de urina e fezes;
- Dificuldade para se alimentar: engolir alimentos é um desafio devido à deterioração das habilidades motoras e à diminuição do reflexo de deglutição;
Estágio 4 (fase terminal)
- Restrição ao leito: a pessoa passa a ficar acamado devido à progressão avançada da doença e à perda de mobilidade;
- Infecções intercorrentes: devido à fragilidade do sistema imunológico, a pessoa torna-se mais suscetível a infecções oportunistas;
- Dificuldade intensa para engolir: a deglutição torna-se extremamente difícil e dolorosa, contribuindo para a desnutrição e a desidratação.
Diagnóstico e tratamento
A médica destaca que o diagnóstico requer um exame médico completo. Exames de sangue, testes de estado mental e imagiologia cerebral podem ser usados para determinar a causa dos sintomas. Já sobre o tratamento, segundo o Ministério da Saúde, é medicamentoso. O objetivo é minimizar os distúrbios da doença, que devem ser prescritos pela equipe médica.
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