AVC: o que é, tipos, sintomas, causas e tratamentos

Somente no mês de julho de 2022, o AVC matou 8.758 brasileiros, o equivalente a 11 óbitos por hora

1 de agosto de 2023 - às 15h49 (atualizado em 28/11/2023, às 17h25)

Homem coloca as duas mãos na cabeça sentindo dor
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

O Acidente Vascular Cerebral (AVC), também chamado de derrame, ocorre quando os vasos sanguíneos que fornecem sangue ao cérebro ficam bloqueados ou se rompem, levando à paralisia das áreas cerebrais privadas de oxigênio e nutrientes essenciais. Segundo a Biblioteca Virtual em Saúde, do Ministério da Saúde, em  julho de 2022 o AVC matou 8.758 brasileiros, o equivalente a 11 óbitos por hora. A condição é mais comum em adultos mais velhos, mas nas últimas décadas, tem havido um aumento na incidência entre jovens e pessoas de meia idade.

 

Tipos de AVC: isquêmico e hemorrágico

 

De acordo com o neurologista Gabriel Micheli, existem dois tipos de AVC, que ocorrem por motivos diferentes: isquêmico e  hemorrágico. “O AVC isquêmico é causado pela obstrução de uma artéria por um trombo, ou seja, um coágulo, ou uma placa que bloqueia o fluxo sanguíneo da artéria. A região do cérebro irrigada por essa artéria deixa de funcionar”, explica. Já o AVC hemorrágico é causado por um sangramento dentro do cérebro. “Ocorre um derramamento de sangue, daí o nome popular derrame. Geralmente, esse tipo é o mais grave agudamente, devido ao aumento da pressão intracraniana causado pelo hematoma, podendo levar a sérios problemas ameaçadores da vida”, alerta.

 

Um estudo publicado pela Academia Americana de Neurologia (AAN), liderado pela pesquisadora Lize Xiong, em Xangai, na China, mostrou que o AVC isquêmico vai causar quase 5 milhões de mortes no mundo até 2030. No Brasil, o Ministério da Saúde indica que esse tipo é responsável por 85% dos casos.

 

Principais sintomas de AVC

 

Micheli destaca que os principais sintomas do AVC dizem respeito a perdas de funções cerebrais de forma aguda. É o que o Ministério da Saúde também indica como sinais que o corpo dá que ajudam a reconhecer um AVC:

 

  • Fraqueza ou formigamento na face, no braço ou na perna, especialmente em um lado do corpo: este sintoma é um dos mais comuns e ocorre quando a pessoa sente uma sensação de fraqueza, formigamento ou dormência em um lado do rosto, braço ou perna. Isso acontece porque o AVC afeta a função dos nervos e músculos nessas regiões do corpo.  

 

  • Confusão mental: a confusão mental é outro sinal de alerta para o AVC. A pessoa pode apresentar dificuldade em pensar claramente, se expressar ou compreender o que está acontecendo ao seu redor.  

 

  • Alteração da fala ou compreensão: o AVC pode afetar a capacidade de falar ou compreender a fala. A pessoa pode ter dificuldade em articular palavras corretamente, formar frases coerentes ou entender o que os outros estão dizendo.  

 

  • Alteração na visão (em um ou ambos os olhos): problemas visuais também podem ser sinais de AVC. A pessoa pode perceber visão turva, visão dupla ou perda de visão parcial em um ou ambos os olhos.  

 

  • Alteração do equilíbrio, coordenação, tontura ou alteração no andar: o AVC pode afetar o sistema nervoso responsável pelo equilíbrio e coordenação dos movimentos. Isso pode levar a tonturas, dificuldade em manter o equilíbrio e problemas no andar.  

 

  • Dor de cabeça súbita, intensa, sem causa aparente: Embora nem todos os AVCs apresentem dor de cabeça, em alguns casos, pode ocorrer uma dor de cabeça súbita e intensa, que pode ser acompanhada de outros sintomas.

 

Escala SAMU: como identificar sinais do AVC

 

Aplique a escala SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência): conheça as iniciais de quatro palavras que podem salvar vidas. Ao notar que uma pessoa está tendo algum problema, faça este teste:

 

  • Sorriso: peça para a pessoa sorrir e veja se a boca dela ficou torta;

 

  • Abraço: peça para a pessoa levantar os braços e veja se um dos braços está sem força;

 

  • Música: peça para a pessoa cantar uma música e veja se a voz está arrastada ou se ela tem dificuldade para falar;

 

  • Urgência: se apresentar algum desses sinais, a chance da pessoa estar sofrendo um AVC é alta. Ligue imediatamente para o 192 – SAMU.

 

AVC: fatores de risco

 

Micheli ressalta que existem diversos fatores que aumentam a probabilidade de ocorrer um AVC, seja ele hemorrágico ou isquêmico. No entanto, ele destaca problemas cardiovasculares, pressão alta, diabetes, sedentarismo, tabagismo e abuso de álcool.

 

É importante explicar também os fatores, segundo o Ministério da Saúde: 

 

  • Hipertensão: é quando a pressão do sangue nas artérias fica muito alta, o que pode sobrecarregar o coração e causar problemas de saúde.  

 

  • Diabetes tipo 2: é uma condição em que o corpo não consegue usar adequadamente o açúcar (glicose) no sangue, resultando em níveis elevados de açúcar, que podem causar problemas nos olhos, rins e coração.  

 

  • Colesterol alto: o colesterol é uma substância que circula no sangue e, quando está em níveis elevados, pode se acumular nas artérias e causar problemas cardiovasculares.  

 

  • Sobrepeso: o sobrepeso acontece quando uma pessoa pesa mais do que é considerado saudável para sua altura e idade.  

 

  • Obesidade: a obesidade é uma condição mais grave do que o sobrepeso, em que a pessoa acumula uma quantidade excessiva de gordura corporal, o que pode causar problemas de saúde sérios. 

 

  • Tabagismo: é o hábito de fumar, o que pode levar a diversas doenças, como câncer, doenças pulmonares e problemas cardiovasculares.  

 

  • Uso excessivo de álcool: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas pode prejudicar o fígado e levar a problemas de saúde como cirrose e dependência química.  

 

  • Idade avançada: conforme as pessoas envelhecem, o risco de desenvolver algumas doenças aumenta, pois o corpo passa por mudanças naturais.

 

  • Sedentarismo: significa levar uma vida muito pouco ativa fisicamente, o que pode causar problemas de saúde e aumentar o risco de várias doenças. 

 

  • Uso de drogas ilícitas: o consumo de drogas proibidas pode ter efeitos graves na saúde física e mental.  

 

  • Histórico familiar: ter familiares com doenças como diabetes, hipertensão ou problemas cardíacos pode aumentar o risco de desenvolver essas condições.

 

Como é feito o diagnóstico de AVC

 

É realizado por meio de exames de imagem, como a tomografia computadorizada de crânio e a ressonância magnética. Eles permitem que os profissionais de saúde identifiquem a área do cérebro afetada pelo AVC e determinem o tipo específico do derrame cerebral. A ressonância magnética, por exemplo, oferece imagens mais detalhadas do cérebro. Auxilia os médicos a diferenciar entre o AVC isquêmico e o AVC hemorrágico. Além disso, exames de sangue também são fundamentais no diagnóstico do AVC. Eles avaliam a presença de fatores de risco, como diabetes, colesterol alto e doenças cardiovasculares. 

 

É importante ressaltar que a rapidez no diagnóstico é essencial para o tratamento adequado do AVC.

 

AVC: tipos de tratamentos

 

  • Medicamentos: anti-hipertensivos que controlam a pressão arterial elevada, reduzindo o risco de AVC e auxiliando no tratamento pós-AVC. Manitol, utilizado em AVC hemorrágico para controlar a pressão intracraniana e evitar piora do sangramento e anticonvulsivantes, que podem ser prescritos para prevenir ou controlar crises convulsivas após um AVC.

 

  • Trombólise: tratamento para AVC isquêmico, realizado nas primeiras 4-5 horas após os sintomas. Utiliza medicamentos como a alteplase e a tenecteplase, que dissolvem o coágulo que obstrui o vaso cerebral.

 

  • Cateterismo cerebral: indicado em casos de AVC isquêmico. Consiste na inserção de um tubo flexível através de uma artéria na virilha, chegando ao vaso obstruído no cérebro para a remoção do coágulo. Deve ser realizado dentro das primeiras 6 a 16 horas após o início dos sintomas.

 

  • Terapia hemostática: utilizada para corrigir anormalidades na coagulação do sangue em casos de AVC hemorrágico. Pode incluir o uso de vitamina K, plasma fresco congelado e transfusão de plaquetas para evitar piora do sangramento.

 

  • Cirurgia cerebral: indicada em AVC hemorrágico grave e de sangramentos volumosos. Realiza a remoção do hematoma formado pelo sangramento para reduzir a pressão intracraniana.

 

  • Fisioterapia: importante para a recuperação e manutenção dos movimentos após um AVC.Fortalece os músculos e melhora a mobilidade do paciente.

 

  • Fonoaudiologia: contribui para a melhoria da fala e deglutição após o AVC, auxiliando na reabilitação dessas funções afetadas.

 

  • Terapia ocupacional: oferece estratégias para minimizar as sequelas do AVC nas atividades diárias. Inclui exercícios e adaptações para melhorar o raciocínio e movimentos do paciente.

 

  • Alimentação saudável: fundamental na recuperação pós-AVC e na prevenção de novos episódios.

 

  • Acompanhamento médico: importante ao longo de todo o processo de tratamento do AVC. Profissionais de saúde acompanham a evolução do paciente e ajustam as terapias conforme necessário para uma recuperação mais efetiva.

 

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