Calor extremo e amplitude térmica: riscos à saúde
Saiba como o calor extremo e a amplitude térmica estão alterando padrões climáticos, afetando sua saúde
16 de novembro de 2023 - às 10h00 (atualizado em 15/11/2023, às 14h11)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
A diferença entre as temperaturas máxima e mínima, conhecida como amplitude térmica, vem aumentando a cada ano. E o calor extremo traz riscos à vida humana. O Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) ressalta que o calor intenso vai além do desconforto, podendo causar sérios problemas de saúde, como derrames, crises renais e infartos. Vários lugares do país têm registrado temperaturas mais altas a cada verão. Segundo dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), o fenômeno El Niño, somado ao aumento do efeito estufa devido às emissões de gases, intensifica esses eventos.
Essas alterações climáticas também influenciam na amplitude térmica, podendo mudar como o corpo humano se adapta ao ambiente. Esse impacto diante das mudanças súbitas de temperatura é chamado de estresse térmico. Segundo Thiago Viana, médico especializado em esporte, nutrição e ortopedia, esse estresse ocorre quando o corpo não consegue se resfriar adequadamente em condições de calor intenso. “O estresse térmico pode sobrecarregar o sistema do coração, prejudicando a imunidade e aumentando a pressão arterial”, afirma. Viana explica que essa reação do corpo ocorre quando ele é exposto a uma temperatura muito alta. Já que normalmente, em tempo quente, a primeira reação do organismo é dissipar calor através do suor e da dilatação dos vasos sanguíneos periféricos para liberar calor para o ambiente. No entanto, em temperaturas muito extremas de calor, o mecanismo de resfriamento do suor pode não ser eficaz, levando ao superaquecimento corporal, insolação e possíveis danos aos órgãos.
Outro perigo, destaca Viana, é a desidratação devido ao aumento da transpiração. “Dependendo da temperatura, os sinais incluem desde cãibras devido à falta de eletrólitos, que são eliminados no suor, até sede intensa e cansaço. E os sintomas mais sérios, como tontura, náuseas ou vômitos, também podem surgir. Se a pessoa não conseguir se refrescar, o quadro pode evoluir para choque térmico, com confusão mental, convulsões, e chegar à falência de vários órgãos e óbito”, alerta ele.
De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), o calor se tornou um dos maiores problemas de saúde da humanidade e mata cerca de 15 milhões de pessoas por ano no mundo.
Viana alerta que os perigos são maiores para pessoas com condições de saúde complicadas, idosos, especialmente os que estão com a saúde mais frágil, crianças, trabalhadores que precisam ficar no sol e aqueles que tomam medicamentos que, por algum motivo, os tornam mais suscetíveis ao calor.
Portanto, ele recomenda tomar medidas para se proteger das altas temperaturas, como se vestir adequadamente, se manter hidratado e tomar precauções para evitar infecções. “Manter um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios regulares e sono adequado, também é fundamental para manter um sistema imunológico saudável”, indica o médico. Viana enfatiza que em alguns casos, suplementos vitamínicos como vitamina C e D, podem ser úteis para fortalecer a imunidade, mas é importante consultar um profissional de saúde antes de começar a tomar suplementos“, aconselha Viana.
Atividade física e calor extremo
Viana aconselha que o ideal é treinar no começo da manhã ou no final da tarde, pois as temperaturas costumam ficar mais amenas. “Evite treinar exposto ao sol. Prefira ambientes cobertos e arejados, com ar-condicionado ou uma boa ventilação. Use roupas leves e adequadas para o exercício”. Além disso, ele recomenda fazer o cálculo de 40ml de água por quilo de peso. “Então, uma pessoa que pesa 70kg vezes 40ml, deve tomar em média 2.800 litros por dia”, explica.
OMS: como se prevenir dos efeitos do calor
As reações ao calor dependem da capacidade de cada pessoa se adaptar e efeitos graves podem aparecer repentinamente. A Organização Mundial da Saúde (OMS) fez uma lista com recomendações importantes:
- Informe-se sobre alertas e previsões meteorológicas no rádio e na TV;
- Evite a exposição ao sol durante os horários de maior calor;
- Não deixe crianças ou pessoas idosas sem vigilância em veículos estacionados;
- Evite se exercitar ou praticar atividades intensas ao ar livre sem a proteção adequada;
- Beba água a cada 2 horas, mesmo que não esteja com sede;
- Tome banhos frios ou banhos em locais seguros (evitando correntes fortes de água);
- Mantenha sua casa fresca, cobrindo janelas durante o dia e usando ar-condicionado ou ventiladores nas horas mais quentes. Garanta que as conexões elétricas sejam seguras;
- Se você tem alguma doença crônica e faz uso contínuo de medicamentos, consulte seu médico.
Sinais e sintomas de exaustão por calor ou insolação
- A exaustão por calor ocorre em pessoas fisicamente ativas. Sem tratamento, a condição pode piorar e o indivíduo pode desenvolver insolação;
- A insolação é uma emergência médica com risco de morte. O indivíduo deve receber cuidados de saúde em um hospital;
- Interrompa todas as atividades físicas;
- Chame uma ambulância imediatamente;
- Vá ou leve a pessoa afetada para um local fresco;
- Use qualquer meio físico para facilitar o resfriamento (como resfriar a cabeça e o corpo com água e “abanar” a pessoa para reduzir a temperatura).
Sinais de alerta em casos moderados e graves:
Exaustão por calor:
- Transpiração intensa;
- Pele fria e pálida;
- Temperatura abaixo de 40ºC;
- Tontura ou desmaio;
- Dor de cabeça;
- Respiração acelerada;
- Pulso rápido e fraco.
Insolação:
- Pele quente, vermelha e seca;
- Temperatura acima de 40ºC;
- Dor de cabeça latejante;
- Perda de consciência ou coma;
- Pulso rápido e forte.
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