Câncer de próstata: cuidado com a falta de sintomas
Idade avançada aumenta a chance do homem desenvolver câncer de próstata
1 de novembro de 2023 - às 11h28 (atualizado em 1/11/2023, às 11h28)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
O câncer de próstata é a segunda forma mais comum entre homens no Brasil, superado pelo câncer de pele não melanoma. Segundo estudo realizado pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de próstata é prevalente em todas as regiões do país, e a estimativa é que ocorram 72 mil novos casos a cada ano até 2025. Para Fábio Schultz, oncologista clínico da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, esses números, embora alarmantes, são relevantes, pois conscientizam sobre a importância de ações como o Novembro Azul. “Essas campanhas têm o propósito de estimular o rastreamento e aumentar a detecção precoce da doença”. Fernando Zamprogno, oncologista na Kora Saúde, explica que o câncer de próstata é uma neoplasia, ou seja, um tecido novo formado dentro da próstata. Bárbara Melão, urologista e membro da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) esclarece: “A próstata é uma glândula masculina que fica localizada na parte inferior do abdômen, com forma semelhante à de uma maçã. Situada logo abaixo da bexiga e à frente do reto, envolve a porção inicial da uretra, responsável pela eliminação da urina armazenada na bexiga. Além disso, desempenha papel fundamental na produção do sêmen, o fluido que transporta os espermatozoides durante a atividade sexual”. De acordo com Zamprogno, “as células cancerosas podem crescer descontroladamente na próstata, formando tumores. Geralmente, esse câncer se desenvolve lentamente, e muitos homens podem não apresentar sintomas nos estágios iniciais”, alerta.
Câncer de próstata: é comum ser assintomático
A urologista Melão alerta que nos estágios iniciais, a maioria dos homens com câncer de próstata não experimenta nenhum sintoma. Para ela, isso torna o diagnóstico precoce desafiador, uma vez que os sintomas não são evidentes, e a doença pode progredir sem que o paciente perceba. O câncer de próstata é assintomático, ou seja, ele não vai causar nenhum sintoma. Zamprogno explica que nessa fase, a maioria dos homens que não sentem a doença conseguem recuperação. Porém, ele destaca: “é importante fazer o programa de rastreamento de câncer de próstata com toque retal e Prostate-Specific Antigen (PSA), um exame de sangue”.
Em contrapartida, Zamprogno ressalta que se o homem esperar algum sintoma aparecer, a chance de recuperação cai. No início, a perspectiva de melhora é de 80% a 90%; se detectado em estágio avançado, diminui para 10% a 20%.
Melão explica que os casos sintomáticos do câncer de próstata, nos quais os pacientes apresentam sintomas como obstrução do fluxo urinário, jato fraco, dor óssea, dor local e, ocasionalmente, sangramento, geralmente ocorrem em estágios avançados da doença. “À medida que o câncer de próstata avança, existe a possibilidade de disseminação para outras partes do corpo, sendo os ossos o local mais comum de metástases. Isso pode resultar em desconforto localizado, dor e, em alguns casos, sangramento”.
Fatores de risco
De acordo com a urologista, a idade avançada aumenta a chance do homem desenvolver câncer de próstata, assim como o histórico familiar, onde a presença de um caso na família duplica a probabilidade de outros familiares também contraírem a doença. Além disso, ela pontua que a obesidade também é um fator de risco, mas recentemente reconhecido. Segundo o oncologista Zamprogno, as questões genéticas representam 20% dos casos de câncer de próstata. Ele destaca também que os negros são mais propensos a terem a doença.
Rastreamento e diagnóstico do câncer de próstata
Para Melão, é importante entender a diferença entre rastreamento e diagnóstico. “O rastreamento envolve a avaliação de indivíduos assintomáticos que estão em risco de desenvolver uma doença específica. A Sociedade Brasileira de Urologia recomenda que todos os homens sejam rastreados para o câncer de próstata a partir dos 50 anos. No entanto, se um indivíduo apresenta fatores de risco, como histórico familiar de câncer de próstata, pertencimento à raça negra ou obesidade, a recomendação é que o rastreamento comece aos 45 anos. O rastreamento envolve a combinação de dois exames: o exame de sangue PSA e o exame de toque retal”, explica.
Quando há alterações nos resultados desses exames, o diagnóstico é considerado. “Para isso, são realizados exames de imagem, como ressonância magnética da próstata, que é fundamental para orientar a biópsia da próstata. A biópsia é o procedimento que confirma o diagnóstico de câncer de próstata no paciente. Quando o câncer é diagnosticado em sua fase inicial, quando ainda está limitado à próstata, as taxas de melhora são enormes”, afirma Melão.
Tratamentos: câncer de próstata curável e incurável
Zamprogno destaca que para o câncer de próstata curável, o tratamento de escolha é a cirurgia, que envolve a remoção da próstata. Como alternativa para pacientes com alto risco cirúrgico, a radioterapia com bloqueio hormonal é uma opção de tratamento. De acordo com ele, outros tratamentos mencionados são considerados alternativos e requerem dados clínicos mais sólidos para serem classificados como tratamento de escolha. Além disso, Zamprogno ressalta que existem casos de câncer de próstata de baixa agressividade que não demandam tratamento imediato. “Alguns homens convivem com esse tipo de câncer por longos períodos sem que ele cause problemas, devido à sua natureza pouco agressiva”.
Já o câncer de próstata incurável, ou seja, em estágios avançados em que a doença se espalhou para outras partes do corpo, como os ossos, não pode ser revertido. No entanto, Melão salienta que pode ser controlado. “São ações que ajudam a melhorar a qualidade de vida e aumentar a sobrevida do paciente. Geralmente envolvem terapias sistêmicas, como quimioterapia, terapia hormonal, radioterapia paliativa e medicamentos direcionados ao câncer para controlar o crescimento e a disseminação da doença”.
A escolha do tratamento depende do estágio do câncer de próstata, das características individuais do paciente e de discussões com uma equipe médica especializada em oncologia.
Tipos de tratamentos para câncer de próstata curável
- Cirurgia: envolve a remoção da próstata (prostatectomia). Essa intervenção é frequentemente recomendada quando a doença está confinada à próstata e tem taxas de cura superiores a 90%. Existem várias técnicas cirúrgicas, incluindo a cirurgia robótica, que minimiza o trauma ao paciente;
- Radioterapia com bloqueio hormonal: para pacientes com alto risco cirúrgico ou que preferem evitar a cirurgia, a radioterapia é uma opção eficaz. Ela pode ser combinada com bloqueio hormonal para aumentar a eficácia e controlar o crescimento do câncer;
- Observação ativa: em casos de câncer de próstata de baixa agressividade, a observação ativa é uma abordagem que envolve monitoramento regular, mas sem tratamento imediato. Isso é uma opção quando o câncer é de baixa ameaça e o tratamento pode ser adiado.
Opções de controle para o câncer de próstata incurável
- Quimioterapia: envolve o uso de medicamentos que visam controlar o crescimento do câncer e aliviar os sintomas;
- Terapia hormonal: é usada para reduzir os níveis de testosterona, um hormônio que estimula o crescimento do câncer de próstata. Isso pode retardar o avanço da doença e aliviar os sintomas;
- Radioterapia paliativa: é usada em estágios avançados da doença para aliviar sintomas, como dor ou dificuldades urinárias. Seu objetivo é melhorar a qualidade de vida do paciente;
- Medicamentos direcionados: são usados para controlar o crescimento e a disseminação do câncer em estágios avançados da doença. Eles têm como alvo proteínas específicas que desempenham um papel na progressão do câncer.
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