Dengue e doença cardíaca

Continuidade medicamentosa requer atenção especial

13 de agosto de 2024 - às 10h00 (atualizado em 9/8/2024, às 16h19)

A imagem mostra um mosquito transmissor da dengue em foco.
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

De acordo com os dados do Ministério da Saúde, em janeiro de 2024, foram registrados mais de 217 mil casos de dengue no Brasil. A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, caracterizada por sintomas como febre alta, dores no corpo, manchas avermelhadas e, em casos graves, pode levar à morte devido a complicações como queda brusca da pressão arterial ou hemorragias. 

Além do triplo das notificações do mesmo período do ano anterior, quando as autoridades sanitárias contabilizaram 65.366 infecções, a doença tem preocupado também pacientes crônicos, como os que sofrem de doenças cardíacas. Idelzuita Leandro Liporace, assessora científica da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP), doutora em medicina pela USP e coordenadora do Setor de Anticoagulação Oral do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, explica: “Muitos cardiopatas estão em tratamento com anticoagulantes e antiagregantes, medicamentos contínuos que têm o objetivo de prevenir a formação de coágulos sanguíneos, os quais podem levar à obstrução da circulação sanguínea e causar problemas tromboembólicos, como acidentes vasculares cerebrais (AVC) ou ataques cardíacos. O tratamento desses pacientes com dengue pode ser complicado, pois a própria doença compromete a coagulação do sangue, o que significa que esses medicamentos aumentam o risco de hemorragias graves associadas à infecção”, alerta.

Liporace enfatiza que em casos de dengue hemorrágica, que é a forma mais severa da doença, é recomendada a suspensão imediata dos anticoagulantes e antiagregantes plaquetários. Por outro lado, quando se trata da forma comum, a decisão de interromper o uso desses medicamentos é feita pelo cardiologista.

A recomendação do Ministério da Saúde é fazer o controle da plaquetopenia (baixa contagem de plaquetas no sangue) dos diagnosticados com dengue, seguindo alguns protocolos. Entre eles, tanto frente ao uso de anticoagulantes como de antiagregantes, se a contagem das plaquetas estiver acima de 50 mil/mm³ não há porque retirar os remédios. Já entre 30 mil e 50 mil/mm³ a orientação é internação para controle plaquetário de rotina e a suspensão ou não das drogas irá depender do tipo de medicação. Quando as plaquetas estiverem abaixo de 30 mil mm³, o controle do sangue deve ser diário, com total cessação de anticoagulantes e antiagregantes. Nesses casos, também pode haver necessidade de transfusão de plaquetas.

Diretrizes para pessoas cardíacas com dengue

  • Pacientes cardíacos com dengue devem monitorar de perto sua pressão arterial e estar atentos a sintomas como palpitações, falta de ar ou dor no peito, pois esses podem ser sinais de complicações cardíacas relacionadas à dengue;
  • É importante que pessoas com problemas cardíacos e com suspeita de dengue procurem atendimento médico imediato;
  • Cardiopatas que estão em tratamento com anticoagulantes devem seguir rigorosamente as orientações médicas quanto à suspensão ou ajuste da dose desses medicamentos durante o curso da dengue, especialmente em casos de plaquetopenia ou hemorragias;
  •  A manutenção de uma hidratação adequada é fundamental para pacientes cardíacos com dengue, pois a desidratação pode agravar os sintomas e aumentar o risco de complicações cardiovasculares;
  • Após a fase aguda da dengue, pessoas com problemas cardíacos devem seguir as recomendações médicas para repouso e cuidados durante o período de recuperação, evitando esforços físicos excessivos e mantendo uma dieta balanceada para promover a recuperação cardíaca;

 

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