Depressão pós-parto: saiba identificar e o que fazer

Descubra os sinais, fatores e estratégias para enfrentar a depressão pós-parto

2 de maio de 2024 - às 10h13 (atualizado em 2/5/2024, às 10h15)

Mulher triste sentada no parque com carrinho de bebê
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A depressão pós-parto é uma condição emocional que pode afetar mulheres após o nascimento do bebê. Ansiedade, problemas nas relações com a criança recém-nascida, sentimentos de inutilidade, culpa, dificuldades no sono e pensamentos recorrentes de morte são sintomas de alerta. Além desses indícios, a psicóloga Adriana Severine destaca: “A depressão pós-parto também pode causar sentimentos de tristeza persistente, desespero, falta de energia, dificuldade de concentração e sinais considerados precoces, como mudanças de humor, isolamento e dificuldades nas atividades diárias”, pontua. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), cerca de 25% das mães brasileiras entre seis e 18 meses após o nascimento do bebê sofrem com a depressão pós-parto.

Severine ressalta que para resolver o problema a tempo “é importante observar antes e depois do parto, por exemplo, alterações no comportamento, como afastamento social, choro frequente e perda de interesse em atividades antes apreciadas”, recomenda. Severine explica que buscar ajuda envolve falar abertamente com profissionais de saúde mental, como psicólogos ou psiquiatras, e contar com o apoio da família e amigos.

Patrícia Peixoto, psicóloga e especialista em Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental, salienta que cada mulher tem uma reação e a forma mais eficaz de ajudá-la é tentar compreender esses sentimentos. “Se ela está apresentando os sintomas, como tristeza, por exemplo, é hora de pedir ajuda. Porque cada mulher reage de uma forma, inclusive na gestação. Existem casos em que ela rejeita o bebê no começo da gestação, e no pós-parto não apresenta nenhum sinal, e o inverso também acontece. Se a mãe, na gestação, está com dificuldades em aceitar seu filho, é importante procurar ajuda para elaborar o que está acontecendo, entender por que está ocorrendo essa rejeição”, recomenda.

Depressão pós-parto tem causa?

Peixoto salienta que não existe uma única causa conhecida para depressão pós-parto. De acordo com ela, o problema pode estar associado a fatores físicos, emocionais, estilo e qualidade de vida, além de ter ligação, também, com histórico de outros problemas e transtornos mentais. No entanto, a principal causa da depressão pós-parto é o enorme desequilíbrio de hormônios em decorrência do término da gravidez. “É um sentimento, uma angústia muito forte que ocorre após o nascimento do bebê. Pode ser até catastrófico devido à dualidade de sentimentos. Ao mesmo tempo em que o bebê, muitas vezes desejado, está nascendo, há a perda daquele bebê que está dentro da barriga, onde a mãe tem o controle. É o medo do desconhecido, sem saber o que fazer ou como fazer. Existe uma expectativa muito grande da mãe em relação ao bebê e a si própria como mãe, ponderando sobre que tipo de vida ela quer estabelecer com esse filho. Há uma impressão de não dar conta da situação, envolvendo várias questões no nascimento do bebê.A elaboração da perda do bebê ideal, para a mãe se relacionar com o bebê real, pode ser muito diferente do que ela idealizou durante os nove meses de gestação”, ressalta. 

A psicóloga e especialista em Neuropsicologia e Terapia Cognitivo-Comportamental destaca outros fatores que podem contribuir para o surgimento desses sentimentos. “Em alguns casos, é possível observar, por exemplo, dificuldades da mãe estabelecer vínculo afetivo com o desenvolvimento do bebê, pois muitas vezes ela não se encontra disponível, privando o recém-nascido de seu cuidado e interação. Mulheres com depressão pós-parto têm dificuldade em dar banho, amamentar e ter contato com o filho, limitando-se a apenas amamentar, enquanto outra pessoa cuida do bebê”, pontua.

A total rejeição é a depressão, uma condição muito séria com risco de suicídio da mãe e até assassinato do bebê. Peixoto alerta: “A depressão pós-parto é um evento patológico que requer ajuda e ocorre em um momento crucial para a família, afetando tanto a saúde da mãe quanto o desenvolvimento da criança”. 

Tratamentos, estratégias e recomendações contra depressão pós-parto

As psicólogas Adriana Severine e Patrícia Peixoto listaram tratamentos, estratégias e recomendações que podem orientar não só as mulheres nessa fase, mas todos ao seu redor: 

  • Opções de tratamento: terapia cognitivo-comportamental, psicoterapia, especialmente indicada para esse tipo de depressão, ou uso de medicamentos em casos mais graves;
  • Estratégias de autocuidado: cuidados com o sono para promover um descanso adequado, exercícios físicos leves, contribuindo para o equilíbrio emocional, estabelecimento de uma rede de apoio envolvendo familiares e amigos, e a priorização do autocuidado como medida fundamental para o bem-estar emocional;
  • Suporte à mulher gestante: é importante o suporte da família, evitando recriminações pela situação. Assim como o reconhecimento de que as emoções e sentimentos são intensos, mas a mãe não deseja rejeitar o filho. Acompanhamento profissional, como psicólogo, psiquiatra ou obstetra, especialmente durante a amamentação, considerando a diferença na medicação;
  • Atenção: a depressão pós-parto pode ocorrer em gestações diferentes. Mulheres que já tiveram na primeira gravidez têm maior probabilidade de desenvolver na próxima.

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