Dormir bem, viver melhor: a influência do sono na saúde do coração

Dormir mal causa aumento da liberação de adrenalina, pressão arterial elevada e inflamação dos vasos sanguíneos, contribuindo para doenças cardiovasculares como infarto e AVC

1 de julho de 2024 - às 10h00 (atualizado em 27/6/2024, às 16h04)

A imagem mostra uma mulher dormindo, deitada em uma cama com uma expressão tranquila.
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Para manter o coração saudável, é importante ter uma boa noite de descanso. É o que alerta o relatório de verificação atualizado do The American Heart Association’s Life’s Essential 8™ (AHA’s LE8). A pesquisa incluiu o sono saudável como essencial para uma saúde cardiovascular ideal. Segundo Luciano Drager, assessor científico da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo  (SOCESP) e presidente da Associação Brasileira do Sono, isso significa que dormir bem é tão fundamental quanto parar de fumar, fazer exercícios e controlar o colesterol e a pressão arterial. Para ele, essa descoberta pode mudar a forma como as pessoas cuidam de seus corações.

A lista do AHA’s LE8 destaca também que, nos Estados Unidos, por exemplo, a cada 34 segundos alguém morre de doença cardíaca no país. No Brasil, o Ministério da Saúde ressalta que aproximadamente 400 mil mortes ocorrem anualmente devido a problemas no coração.

Sono e coração: uma conexão vital

Drager explica que dormir bem não é apenas uma questão de relaxar, mas também é fundamental para a saúde em geral. “Durante o sono, o corpo passa por diferentes fases que são essenciais para funções importantes. Por exemplo, enquanto dormimos, o cérebro realiza uma espécie de ‘limpeza’, removendo toxinas que se acumularam durante o dia. Isso é vital para manter o cérebro saudável e funcionando corretamente”, pontua.

Além disso, ele destaca que dormir o suficiente está diretamente relacionado à redução da pressão arterial e da frequência cardíaca, o que é essencial para manter o coração saudável a longo prazo. “Investir em um sono de qualidade não só nos ajuda a nos sentirmos revigorados pela manhã, mas também é necessário para a saúde geral e bem-estar ao longo do tempo”, indica.

O contrário ocorre quando alguém não dorme a quantidade ideal ou o sono é de má qualidade. De acordo com os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), a duração recomendada para um adulto é entre sete e nove horas por noite. Segundo o assessor científico da SOCESP, quando esse repouso não ocorre de maneira adequada, pode aumentar o risco de problemas cardíacos, como pressão alta, doença arterial coronariana e derrames. “Durante o sono, o corpo se recupera e se prepara para o próximo dia, ajustando, por exemplo, a pressão arterial e o açúcar no sangue. No entanto, se o sono não for o suficiente, esses processos podem ser afetados. Isso significa que dormir mal causa mais liberação de adrenalina, aumento da pressão arterial e inflamação dos vasos sanguíneos, entre outros eventos que provocam doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Além disso, alteração nos níveis de açúcar e de colesterol, corpo mais propenso a infecções e obesidade, declínio cognitivo e demência (incluindo Alzheimer e depressão) são alterações também atribuídas a uma rotina insone ou cronicamente privada de sono”, alerta.

Apesar dos possíveis problemas associados, na prática, muitas pessoas não estão seguindo as recomendações. Uma pesquisa recente da SOCESP descobriu que apenas 40% das pessoas estão dormindo o suficiente, ou seja, sete horas ou mais por noite. Surpreendentemente, 11% disseram dormir apenas quatro horas ou menos, enquanto 49% dormem entre cinco e seis horas. Comparando com um levantamento semelhante feito em 2023, é possível perceber que a situação piorou: naquela época, apenas 9,5% dormiam tão pouco, e 44% dormiam sete horas ou mais.

Esta última pesquisa, feita em 2024, entrevistou 2.764 pessoas em várias cidades de São Paulo, como Araçatuba, Araraquara, Bauru, Osasco, Ribeirão Preto, São Carlos, São José do Rio Preto, Sorocaba, Vale do Paraíba e na capital. A maioria dos entrevistados era composta por mulheres (58%) e homens (41%). Em relação à idade, 23% tinham mais de 55 anos, 14% tinham entre 44 e 54 anos, 17% tinham entre 35 e 44 anos, 20% tinham entre 25 e 34 anos, 25% tinham entre 15 e 24 anos e 1% eram menores de 14 anos.

8 dicas para um sono de qualidade e um coração saudável

  • Estabeleça uma rotina de sono regular, indo para a cama e acordando no mesmo horário todos os dias, inclusive nos finais de semana;
  • Crie um ambiente confortável para dormir, com um colchão e travesseiros adequados, controle de temperatura e redução de ruídos;
  • Evite alimentos pesados e bebidas estimulantes, como cafeína e álcool, especialmente antes de dormir;
  • Pratique atividades físicas regularmente, de preferência durante o dia, para ajudar a promover um sono mais profundo à noite;
  • Limite o uso de dispositivos eletrônicos antes de dormir, pois a luz azul pode interferir no ciclo do sono;
  • Desenvolva técnicas de relaxamento, como meditação, respiração profunda ou alongamento suave, para ajudar a acalmar a mente antes de dormir;
  • Mantenha um peso saudável através de uma alimentação equilibrada e exercícios regulares, o que pode ajudar a reduzir o risco de distúrbios do sono e problemas cardíacos;
  • Consulte um médico se você tiver sintomas de distúrbios do sono, como ronco alto, apneia ou insônia, para receber o tratamento adequado e proteger a saúde do coração.

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