Febre maculosa: conheça os sintomas, tratamentos e como evitar a exposição
A doença, que causa morte, é transmitida pela picada de carrapato-estrela infectado pela bactéria Rickettsia, e as capivaras são suas principais hospedeiras
22 de agosto de 2023 - às 14h11 (atualizado em 28/11/2023, às 17h14)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
A febre maculosa é uma doença infecciosa, febril aguda e de gravidade variável, segundo Raquel Stucchi, infectologista da Unicamp e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). “Ela pode apresentar quadros leves, praticamente sem sintomas, até quadros graves com evolução para morte em poucos dias se não diagnosticada e tratada precocemente. A febre maculosa é transmitida pela picada de carrapato-estrela infectado pela Rickettsia, bactéria causadora da doença. Ela não passa de uma pessoa para outra”, explica. As capivaras são as principais hospedeiras, e por isso o cuidado precisa ser maior em áreas de mata. Especialistas recomendam o uso de roupas compridas e claras para poder ajudar a enxergar o carrapato, evitando a picada.
De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Saúde (MS), foram pelo menos 89 registros desde o começo do ano. A maior preocupação está no Sudeste, onde metade dos casos foram confirmados. Em Minas Gerais, 18 pessoas foram infectadas e 6 morreram. No Brasil, somando os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, foram 19 óbitos.
Embora casos de febre maculosa possam ocorrer todos os anos, o MS indica que os registros são mais recorrentes durante o inverno. A estação propicia as condições ideais para a reprodução do carrapato-estrela.
Febre maculosa: há risco de reinfecção?
Stucchi afirma que o risco de reinfecção por febre maculosa é baixo, mas que ele existe. “Existe o risco uma vez que há mais de uma versão da bactéria que causa febre maculosa”,
ressalta. Cada variante da Rickettsia pode desencadear a febre maculosa, e o organismo humano, uma vez infectado por uma dessas cepas, desenvolve imunidade contra essa cepa específica. No entanto, como existem diferentes cepas da bactéria circulando na natureza, é teoricamente possível ser picado por um carrapato infectado com uma cepa diferente da Rickettsia, após se recuperar de uma infecção anterior. A imunidade adquirida após a infecção por uma cepa específica da Rickettsia não confere proteção completa contra todas as outras cepas.
Portanto, embora o risco de reinfecção seja baixo, ele não pode ser descartado completamente. É por isso que a prevenção e o cuidado contínuos são medidas importantes.
Sintomas da febre maculosa
De acordo com Stucchi, os sintomas da febre maculosa são inespecíficos e podem ser muito parecidos com outras doenças, principalmente nos primeiros dias da doença. “Os sinais iniciais podem aparecer de dois a 14 dias após a picada do carrapato, sendo mais comuns após sete dias. São eles: febre alta (39ºC), calafrios, dor de cabeça, dor no corpo (mialgia), dor abdominal e cansaço”, alerta. Stucchi completa: “entre o segundo e o quinto dia da doença podem aparecer manchas vermelhas na pele, conhecidas como máculas. Essas manchas não coçam e geralmente aparecem inicialmente nos pulsos e tornozelos, podendo se espalhar para outras áreas, como as palmas das mãos e as solas dos pés”, esclarece.
Além desses sintomas, o Ministério da Saúde cita náuseas, vômitos, diarreia, gangrena nos dedos, orelhas e paralisia dos membros, que inicia nas pernas e vai subindo até os pulmões causando paragem respiratória.
Diagnóstico da febre maculosa
O diagnóstico da febre maculosa é uma etapa crucial para garantir um tratamento adequado e oportuno. De acordo com Stucchi, é feito pelo exame de sangue, pesquisa da bactéria por testes moleculares e sorologia.
- Pesquisa da bactéria por testes moleculares: é uma das maneiras mais diretas de identificar a presença da bactéria Rickettsia, causadora da febre maculosa. Os testes moleculares buscam fragmentos do material genético da bactéria no sangue do paciente. Esses testes são altamente sensíveis e específicos, permitindo uma detecção precoce e precisa;
- Sorologia: são outra ferramenta importante no diagnóstico da febre maculosa. Eles detectam a presença de anticorpos específicos no sangue do paciente. Geralmente, são realizados dois tipos de exames sorológicos: o teste de ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) e o teste de imunofluorescência indireta (IFI). Esses exames são importantes para confirmar a infecção, especialmente em estágios mais avançados da doença.
Além desses meios de diagnóstico, o Ministério da Saúde recomenda:
Testes laboratoriais: diagnóstico específico
- Reação de imunofluorescência indireta (RIFI): detectam presença de anticorpos contra a bactéria, a partir de coleta de sangue;
- Exame de imunohistoquímica: detecta a bactéria em amostras de tecidos obtidas a partir de biópsia de lesões de pele;
- Técnicas de biologia molecular: reação em cadeia da polimerase (PCR): realizada a partir de amostras de sangue, tecido de biópsia. Detecta o material genético da bactéria;
- Isolamento da bactéria: é feito a partir do sangue (coágulo) ou de fragmentos de tecidos (pele e pulmão obtidos por biópsia) ou de órgãos (pulmão, baço, fígado obtidos por necropsia), além do carrapato retirado do paciente. A bactéria irá crescer em um meio de cultura.
Testes laboratoriais: diagnóstico inespecífico e complementares
- Hemograma: observa alteração no padrão das células sanguíneas como, anemia, diminuição de plaquetas;
- Enzimas: algumas enzimas do corpo podem estar aumentadas, demonstrando indício de alguma infecção.
Tratamento
O tratamento é feito com antibiótico específico, segundo Stucchi. O Ministério da Saúde destaca que em determinados casos, pode ser necessária a internação da pessoa. A terapêutica é empregada por um período de 7 dias, devendo ser mantida por 3 dias, após o término da febre. A falta ou demora no tratamento da febre maculosa pode agravar o caso podendo levar a óbito.
Prevenção
- Use roupas claras, para ajudar a identificar o carrapato, uma vez que ele é escuro;
- Use calças, botas e blusas com mangas compridas ao caminhar em áreas arborizadas e gramadas;
- Evite andar em locais com grama ou vegetação alta;
- Use repelentes de insetos;
- Verifique se você e seus animais de estimação estão com carrapatos;
- Se encontrar um carrapato aderido ao corpo, remova-o com uma pinça;
- Não aperte ou esmague o carrapato, mas puxe com cuidado e firmeza. Depois de remover o carrapato inteiro, lave a área da mordida com álcool ou sabão e água;
- Quanto mais rápido retirar os carrapatos do corpo, menor será o risco de contrair a doença. Após a utilização, coloque todas as peças de roupas em água fervente para a retirada dos insetos.
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