Importância do sono: saiba o quanto dormir bem influencia na saúde mental
Como uma boa noite de sono afeta o bem-estar, os fatores emocionais e cognitivos
3 de junho de 2023 - às 22h50 (atualizado em 4/3/2024, às 12h16)
Envato
Escrito por
Júnior Ferreira
Redator
Nos dias atuais, muitas pessoas acabam levando a vida em um ritmo bastante acelerado e o sono frequentemente é sacrificado em prol das inúmeras demandas e compromissos do dia a dia. No entanto, pesquisas científicas reforçam cada vez mais a importância do sono para a saúde mental, revelando que uma boa noite de descanso é um dos pilares fundamentais para o bem-estar emocional e cognitivo.
Segundo pesquisa encomendada pela empresa biofarmacêutica Takeda, junto ao Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope) realizada em 2020, 65% dos brasileiros dormem mal. Além da baixa qualidade do sono, 34% dos entrevistados alegam sofrer de insônia, enquanto que deste total, 21% foram realmente diagnosticados por um médico. O problema é mais comum entre as mulheres, sendo que 71% delas afirmam dormir mal, enquanto que entre os homens esse número é de 57%.
Quando dormimos, o corpo entra em fase de recuperação e regeneração. Durante o sono, o cérebro executa uma série de processos essenciais para a saúde mental. A primeira etapa é o chamado sono profundo, no qual ocorre a consolidação da memória e o reparo dos tecidos do corpo. Nessa fase, as informações aprendidas ao longo do dia são transferidas do hipocampo para o córtex cerebral, estabelecendo conexões mais sólidas e promovendo a aquisição de novas habilidades.
Outro estágio crucial é o sono REM (sigla em inglês para movimento rápido dos olhos). Durante essa fase, ocorre um intenso processo de sonho, em que o cérebro processa emoções, elimina memórias desnecessárias e consolida aprendizados emocionais. A falta de sono adequado pode afetar negativamente esse estágio, resultando em dificuldades na regulação emocional e no processamento de experiências traumáticas.
A importância do sono para a saúde mental
A psicóloga clínica e terapeuta integrativa, Fabiana Antonelli, afirma que uma boa noite de sono é essencial para a saúde mental. “Uma noite de sono mal dormida traz prejuízos para o dia seguinte. Você fica sonolento, indisposto, mal humorado e improdutivo. Imagine o que várias noites, meses ou anos sem ter uma boa noite de sono faz com a sua saúde. O efeito é cumulativo e não é possível colocar em dia o sono atrasado”, explica.
Além disso, o sono tem um impacto direto no funcionamento cognitivo. Noites mal dormidas afetam a atenção, a concentração, a criatividade e a capacidade de resolver problemas. Uma mente cansada não consegue operar no seu máximo potencial, prejudicando o desempenho em tarefas diárias e comprometendo o bem-estar geral.
O sono favorece as principais funções do corpo, reparando os tecidos, auxiliando a síntese proteica, restabelecendo o equilíbrio e energia física. Ele também é importante para a regulação de hormônios, desempenhando um papel crucial nesse aspecto, pois a privação crônica de sono está associada a alterações nos níveis de hormônios do estresse, como o cortisol, o que pode levar a problemas de ansiedade e depressão. além disso, as noites mal dormidas estão relacionadas a um aumento na produção de substâncias inflamatórias no organismo, contribuindo para o surgimento de transtornos mentais.
“O estresse, a ansiedade e depressão, comuns nos tempos atuais, interferem na qualidade do sono e a qualidade do sono interfere no nível de estresse, favorece a ansiedade e depressão. Um ciclo infinito, não?”, questiona Fabiana.
É importante ressaltar que a qualidade do sono é tão relevante quanto a quantidade. Uma pessoa pode passar uma quantidade adequada de horas na cama, mas se o sono for interrompido por despertares frequentes ou por distúrbios, como a apneia do sono, os benefícios para a saúde mental são reduzidos.
Tipos de Insônia
Insônia inicial
Quando o indivíduo tem dificuldade para adormecer e fica virando de um lado para o outro na cama. A mente não desliga, se mantém em alerta e agitada, o que pode ser indício de uma rotina estressante. A pessoa acaba dormindo quando é vencida pelo cansaço e quando o relógio desperta, ela tem a sensação de ter dormido bem pouco.
Insônia intermediária
A psicóloga explica que nesse caso quando alguém diz que tem o sono leve, a questão não é conseguir dormir, mas acordar uma ou mais vezes durante a noite. As causas do despertar no meio da noite podem ser estresse, ansiedade, pesadelos, noctúria (levantar uma ou mais vezes para urinar) ou outra razão e então o indivíduo tem dificuldade para voltar a dormir.
Insônia terminal
Nesse caso a pessoa tem dificuldades para adormecer e muitas vezes passa a noite toda acordada. Quando dorme, tem um sono agitado e é bastante comum que ela acorde cedo e não consiga voltar a dormir.
Fabiana explica que por esses motivos, o insone vive acompanhado pelo cansaço, sensação de sonolência, indisposição e improdutividade física e mental ao longo do dia. Ela aponta que na parte mental, isso interfere diretamente na memória, aprendizagem, regulação do humor e emoções, podendo causar irritabilidade, impulsividade, ansiedade, depressão e pânico. Além disso, na parte física, pode contribuir para que ocorra desde baixa imunidade a doenças cardiovasculares, respiratórias, AVC, obesidade e diabetes.
Hábitos que podem atrapalhar uma boa noite de sono
A psicóloga lembra alguns fatores e hábitos que muitas vezes são praticados perto do horário de dormir, sendo que alguns são bastante conhecidos e que muitas vezes são ignorados pelas pessoas.
- Consumo de bebidas com cafeína, como café, chás, refrigerantes e energéticos;
- consumo de bebidas alcóolicas;
- consumo de alimentos pesados e de difícil digestão;
- cochilos prolongados durante o dia;
- prática de exercícios físicos intensos;
- ver filmes de ação, terror ou receber más notícias;
- discussões ou brigas;
- uso de telas, como smartphones, smart tvs, notebooks, computadores ou tablets.
Coloque em prática
A psicóloga Fabiana Antonelli aconselha as pessoas a estabelecerem e manterem uma rotina de sono. Ter horários regulares para deitar e levantar, incluindo nos finais de semana, feriados e férias. “Parece estranho, mas este hábito permite que seu organismo entre em sincronia com seu relógio interno”.
Além disso, segundo a profissional, hábitos como criar um ambiente agradável para dormir, deixando- o silencioso, com a temperatura agradável, sem luzes e deixar o dia seguinte planejado e organizado, contribuem para ter melhores noites de sono, ajudando corpo e mente a aprender a relaxar e despertar.
Em resumo, o sono não deve ser visto como um luxo, mas sim como uma necessidade vital para a saúde mental. Priorizar a qualidade e a quantidade adequada de sono é investir em um estado emocional mais equilibrado, em uma mente mais alerta e em uma vida mais plena.
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