O que é Epilepsia: mitos e verdades

Descubra a verdade por trás da epilepsia e suas condições relacionadas

10 de julho de 2024 - às 09h55 (atualizado em 10/7/2024, às 09h55)

A imagem mostra uma ilustração de neurônios com dendritos e axônios se estendendo em várias direções, em um fundo azul claro que sugere um ambiente microscópico ou celular.
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

A epilepsia é uma condição no cérebro que faz com que, por alguns segundos ou minutos, uma parte dele envie sinais errados, causando manifestações como convulsões ou outros sintomas, como ausências; ou seja, a pessoa parece estar desconectada, como se estivesse temporariamente fora de sintonia com o ambiente ao seu redor. Durante esses momentos, um grupo de células cerebrais fica muito ativo, como se houvesse uma atividade elétrica exagerada no cérebro, levando a essas manifestações temporárias, resultando nos sinais de epilepsia. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a epilepsia atinge 2% da população no Brasil e afeta cerca de 50 milhões de pessoas em todo o mundo. Segundo a Secretaria de Atenção Especializada do Ministério da Saúde, pelo menos 25% dos pacientes com a condição no país estão em estágio grave.

Condições associadas à epilepsia

O Ministério da Saúde (MS) destaca que a epilepsia está associada a diversas condições. São elas: 

Lesões cerebrais como causa primária

  • Lesões traumáticas, acidentes vasculares cerebrais e tumores representam algumas das principais causas de epilepsia;
  • Danos ao cérebro provenientes dessas lesões podem desencadear desordens elétricas, culminando em crises;

Infecções cerebrais e desregulações elétricas

  • Meningites e encefalites estão associadas à epilepsia, pois inflamações cerebrais comprometem o funcionamento normal das células nervosas;
  • Desregulações elétricas decorrentes dessas inflamações podem manifestar-se em crises;

Complicações peri-parto e riscos neurológicos

  • Complicações associadas ao período ao redor do parto, como a falta de oxigênio, podem resultar em lesões cerebrais que aumentam a probabilidade de desenvolver epilepsia na criança;

Fatores genéticos 

  • Desordens genéticas têm um papel significativo nas causas da epilepsia, predispondo indivíduos a desregulações elétricas no cérebro;

Traumatismos cranianos 

  • Traumatismos cranianos, resultantes de eventos como acidentes automobilísticos ou quedas, podem ser outra causa importante de epilepsia;
  • Danos físicos ao cérebro decorrentes desses traumas podem desencadear atividades elétricas anormais, desencadeando crises epiléticas;

Condições metabólicas e o risco epilético

  • Algumas condições metabólicas, como distúrbios no metabolismo de açúcares ou eletrólitos, também estão associadas ao desenvolvimento de epilepsia;
  • Desequilíbrios metabólicos podem afetar a estabilidade elétrica do cérebro, contribuindo para a ocorrência de crises epiléticas.

Diagnóstico: uma crise não indica epilepsia

Segundo o Ministério da Saúde, para saber se alguém tem epilepsia, é necessário que as crises aconteçam mais de uma vez, com pelo menos 24 horas entre elas. Ter apenas um episódio não confirma a doença. O MS recomenda fazer exames extras, como eletroencefalograma, tomografia de crânio e ressonância magnética do cérebro. Eles ajudam a entender melhor o problema, ou seja, não só confirmam a epilepsia, mas também mostram detalhes do quadro clínico. Isso porque cada pessoa é única, e o tratamento precisa considerar coisas como a frequência e intensidade das crises, além das características de cada paciente. O objetivo é não só controlar as crises, mas também melhorar a qualidade de vida da pessoa, mostrando como é importante juntar informações de diferentes exames para tomar decisões sobre o tratamento.

Tratamento

O tratamento das epilepsias é feito com medicamentos que evitam as descargas elétricas cerebrais anormais, ou seja, evitam a hiperexcitação das células, que originam as crises. No entanto, Lécio Figueira, neurologista e vice-presidente da Associação Brasileira de Epilepsia (ABE), explica que a maioria das pessoas com epilepsia ficará controlada das crises, desde que tenha acompanhamento médico adequado e faça o uso de uma medicação apropriada para seu tipo de crise. Além disso, ele ressalta que a dose correta e consumida de maneira regular também são fatores cruciais para manter esse controle, orienta. 

Mitos e Verdades 

A discriminação contra pessoas com epilepsia ainda existe devido a muitas ideias erradas e falta de informação. Para combater e desmitificar preconceitos, o vice-presidente da ABE pontuou mitos e verdades sobre essa condição. 

A epilepsia é uma doença contagiosa?

  • MITO! A epilepsia não é transmitida pelo contato entre indivíduos; ela resulta de fatores neurológicos e não é causada por agentes infecciosos. Mesmo experienciar uma única crise não implica no desenvolvimento da epilepsia. A condição requer uma predisposição específica e não pode ser adquirida por meio de contágio, desmistificando assim a ideia de sua transmissibilidade entre pessoas;

Durante uma crise, deve-se segurar os braços e a língua da pessoa?

  • MITO! Segurar os braços e a língua de uma pessoa durante uma crise epiléptica é um mito, pois tais ações não contribuem para interromper ou controlar a crise. Essa prática não tem eficácia comprovada e pode, na verdade, aumentar o risco de lesões tanto para a pessoa que está vivenciando a crise quanto para quem tenta intervir. A recomendação é posicionar a pessoa de lado durante a crise, o que ajuda a evitar aspiração de líquidos e minimiza o risco de sufocação, proporcionando um ambiente mais seguro durante o episódio;

O estresse é um fator desencadeador de crises epilépticas?

  • DEPENDE! A relação entre estresse e crises epilépticas é complexa e depende de diversos fatores individuais. Embora o estresse possa ser um desencadeador em alguns casos, nem todas as pessoas com epilepsia são afetadas da mesma maneira. A predisposição genética, o tipo específico de epilepsia e a resposta do organismo ao estresse variam;

Pessoas com epilepsia não podem dirigir?

  • MITO! Com a condição controlada, sem crises há mais de 1 ano e uso regular de medicações, as pessoas com epilepsia podem dirigir, conforme a lei brasileira. A obtenção dessa permissão requer avaliação do neurologista;

É possível manter a consciência durante uma crise epiléptica?

  • VERDADE! Durante uma crise que afeta apenas uma região do cérebro, a pessoa pode manter a consciência. No entanto, isso não é comum, e a perda de consciência é mais frequente;

Existem medicamentos capazes de controlar totalmente a incidência das crises?

  • VERDADE! A maioria das pessoas com epilepsia pode ficar controlada das crises com acompanhamento médico adequado e uso regular de medicação apropriada;

Pessoas com epilepsia não podem ter filhos?

  • MITO! Tanto homens quanto mulheres com epilepsia podem ter filhos. A epilepsia, em geral, não afeta a fertilidade, e a escolha de medicação segura é essencial;

A epilepsia pode acometer todas as idades?

  • VERDADE! Embora seja comumente associada à infância, a epilepsia pode começar em qualquer fase da vida. No entanto, as crises são mais frequentes na infância e após os 60 anos.

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