Síndrome de Sjögren: o que é, sintomas e tratamentos

Sintomas como olhos e boca secos acompanhados de dores nas articulações podem ser sinais da Síndrome de Sjögren (SS), também conhecida como exocrinopatia autoimune ou síndrome seca, uma doença inflamatória crônica de progressão lenta que afeta aproximadamente 2% da população mundial. Ela é caracterizada pela infiltração de linfócitos, um tipo de glóbulo branco, nas glândulas exócrinas, responsáveis por liberar fluidos para fora do corpo ou em cavidades internas. De acordo com Carla Schahin Saad, médica reumatologista, membro da Sociedade Paulista de Reumatologia e sócia diretora médica na clínica EVCITI (Centro de Infusão e terapia imunobiológica), normalmente, as primeiras áreas afetadas são as células epiteliais das glândulas salivares e lacrimais, causando secura nos olhos e boca. No entanto, a médica reumatologista destaca que o processo inflamatório pode progredir e atingir membranas mucosas de diversos órgãos, resultando em ressecamento em várias partes do corpo, como nariz, traqueia, tireoide, vagina, rins, pulmões, fígado, pâncreas, pele e sistema nervoso.

Saad explica que a Síndrome de Sjögren faz parte das doenças autoimunes, em que o sistema imunológico passa a produzir anticorpos que atacam células e tecidos do próprio corpo, como se fossem agentes invasores. Ela ressalta que qualquer pessoa pode desenvolver essa síndrome, especialmente se for portadora de outra doença autoimune. A maioria com essa condição são mulheres acima dos 40 anos. Casos em crianças e adolescentes são mais raros.

Síndrome de Sjögren: primária e secundária

Segundo a médica reumatologista, existem duas formas principais da Síndrome de Sjögren: “a primária, que ocorre de forma isolada, sem relação com outras doenças do tecido conjuntivo, afetando articulações, músculos e órgãos. E a secundária, que se manifesta simultaneamente a outras doenças autoimunes reumatológicas, como artrite reumatoide, lúpus eritematoso sistêmico, vasculite, esclerodermia e tireoidite de Hashimoto, por exemplo.” Além disso, ela destaca que é importante citar que os portadores dessa síndrome apresentam risco maior de desenvolver linfomas, que é uma forma de câncer maligno.

Hipóteses: possíveis causas

Ainda não há causa definida para a Síndrome de Sjögren, entretanto, existem hipóteses como fatores genéticos, hormonais, condições ambientais, infecções por vírus e alguns tipos de bactérias que funcionam como gatilho para desencadear a doença em pessoas geneticamente predispostas.

Sintomas

De acordo com Carla Schahin Saad, os principais sinais e sintomas da síndrome de Sjögren são: boca seca (conhecida como xerostomia) e sensação dos olhos sendo arranhados (como se ele estivesse com areia). Também podem ocorrer infecções, como cáries, gengivite e conjuntivite. Além disso, existem alguns outros possíveis sintomas, que são:

• Boca seca e dificuldade para engolir alimentos secos: a xerostomia, ou boca seca, é um dos sintomas mais comuns, impactando a fala e a deglutição;
• Vista cansada e sensibilidade à Luz: a secura ocular pode levar à irritação, desconforto visual e sensibilidade à luz;
• Pele seca e ressecamento da mucosa das partes íntimas: a redução na produção de fluidos pode afetar a pele e as mucosas, resultando em secura cutânea e genital;
• Dificuldade para falar por muito tempo: a secura na garganta pode causar dificuldade na articulação de palavras durante períodos prolongados de fala;
• Dores nas articulações e no corpo (casos raros): embora menos comum, dores articulares e corporais podem ocorrer em alguns casos;
• Urticária, manchas roxas, feridas na pele e alterações na sensibilidade (casos raros): manifestações dermatológicas, embora raras, podem ocorrer em alguns portadores da síndrome;
• Cansaço e fraqueza (casos raros): a fadiga extrema e fraqueza são sintomas menos frequentes, mas podem ser observados em alguns casos;
• Tosse seca (casos raros): a secura nas mucosas respiratórias pode contribuir para o surgimento de tosse seca, sendo menos comum.

Diagnóstico e tratamento

A médica reumatologista ressalta que os exames clínicos e testes laboratoriais podem ser realizados para medir a produção de lágrimas e saliva, bem como para detectar a presença de autoanticorpos no sangue, como os anticorpos antinucleares (ANA) e os anticorpos anti-SSA e anti-SSB, que são frequentemente associados à Síndrome de Sjögren.

Já com relação ao tratamento, ela salienta que existem alguns disponíveis para aliviar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. “Incluem o uso de lágrimas e saliva artificial, medicamentos imunossupressores para reduzir a resposta autoimune, anti-inflamatórios e outras terapias sintomáticas”. 

Ela alerta que é importante também conscientizar sobre os sintomas e a necessidade de acompanhamento médico precoce para aliviar as dores e incômodos, melhorando a qualidade de vida do paciente.

 

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