Variante BA.2.86 da Covid-19: ramificação carrega mais de 35 mutações
As vacinas continuam sendo a melhor opção na prevenção de problemas mais graves
28 de agosto de 2023 - às 16h48 (atualizado em 28/11/2023, às 17h10)
Envato
Escrito por
Dayana Bonetto
Redatora Let's Move 360
Uma variante da Covid-19 com alta taxa de mutação, denominada BA.2.86, foi identificada na Suíça, África do Sul e também em países como Israel, Dinamarca, EUA e Reino Unido, conforme informado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Segundo o médico e infectologista Marcos Boulos, é comum ocorrerem mutações em patologias, e os avanços nos métodos de identificação têm contribuído para o seu reconhecimento. Ele destaca: “Atualmente, conseguimos identificar essas variantes com mais frequência devido ao uso de tecnologias mais sofisticadas. No entanto, esse fenômeno ocorre regularmente em outras doenças transmitidas por via respiratória, como a influenza e muitas outras”.
Para Felipe Naveca, virologista e pesquisador da Fiocruz Amazônia, o que chama a atenção nessa variante em relação às anteriores é o número de mutações que ela acumulou. A ramificação da BA.2.86 carrega mais de 35 mutações em partes importantes do vírus em comparação com a XBB.1.5, a variante dominante durante a maior parte de 2023. “É comparável ao que aconteceu quando circulava a variante Delta e surgiu a Ômicron”, ressalta. Naveca destaca que essa diferença tem causado especulações sobre a capacidade da variante escapar da proteção dos anticorpos frente a uma infecção prévia ou mesmo à vacinação. No entanto, ele explica que essa hipótese não deve ser levada em conta, já que os resultados das pesquisas feitas com relação a isso ainda estão em andamento e são poucos casos para se ter certeza. Boulos reforça: “Essa variante aparentemente não apresenta nenhum risco de agravamento; as infecções causadas por ela são benignas, e não tem havido aumento nas hospitalizações, apesar do número de casos”, pontua.
Mutações da variante BA.2.86 e a eficácia das vacinas
Naveca afirma que não há evidências que comprometam tanto a eficácia das vacinas quanto a imunidade das pessoas. “Não tem nenhum dado que aponte para um aumento de doença grave que é o que importa nesse momento”, explica. Segundo Boulos, a vacina protege também contra essa variante. Nesse caso, ele recomenda que as pessoas se vacinem ou mantenham suas vacinas em dia. É o que também aconselha os cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA, que estão testando até que ponto as vacinas para a Covid-19 atualizadas funcionarão contra a BA.2.86. Eles observaram que elas têm sido melhores na prevenção de doenças graves.
Uso de máscaras e lockdown
Apesar de ainda não existirem muitas informações sobre a BA.2.86, a OMS afirma que é pouco provável uma nova onda grave de infecções, sobretudo devido às barreiras construídas por meio da vacinação.
Para Boulos, neste momento, o retorno do uso de máscaras ou lockdown é muito precoce. Ele destaca que a fase crítica da pandemia foi no início, quando tudo era desconhecido e não tínhamos vacinas, por exemplo. Ele reforça que oscilações podem ocorrer com o surgimento de novas variantes, não só da Covid-19. “É importante acompanhar a evolução, claro, mas eu tranquilizaria a todos com relação a esta variante e só sugeriria que as pessoas que não completaram a vacinação se vacinassem”, ressalta. Naveca compartilha a opinião com Boulos. “Com base nas informações que temos hoje, não é possível pensar na exigência do uso das máscaras ou lockdown. Não há nenhum indicativo de isolamento ou mesmo o uso de máscaras, a não ser para pessoas que tenham a imunidade muito comprometida”, alerta.
A BA.2.86, está sendo monitorada de perto pela Organização Mundial da Saúde. Os sintomas da nova variante incluem coriza, dor de cabeça, fadiga, espirros e dor de garganta.
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