Estresse infantil: como proteger o bem-estar das crianças

Agendas cheias de compromissos que se somam à escola, atividades extracurriculares, esporte e estímulos de dispositivos eletrônicos, além do lazer, têm levado muitas crianças a terem uma vida de adulto e sintomas de estresse infantil. Essa rotina intensa pode acarretar consequências prejudiciais para a saúde e o desenvolvimento delas. É o que destaca a psicanalista, psicopedagoga e educadora, Silvia Tocci Masini.  “Crianças precisam ser crianças, pois é nessa fase que desenvolvem sua criatividade, imaginação e habilidades sociais. Ao forçá-las a adotar uma vida de adulto com horários apertados e atividades excessivas, estamos privando-as de oportunidades para explorar, brincar e aprender de maneira lúdica. Isso pode levar a um aumento do estresse, da ansiedade e da pressão, além de prejudicar o desenvolvimento saudável”, ressalta. 

 

Para Priscila Moraes, coordenadora pedagógica da Escola do Futuro, o local de convívio interfere na infância. “A criança tem condições de ser criança quando vive em um ambiente saudável e equilibrado, o que favorece a exploração, o aprendizado e o crescimento naturais, de acordo com sua idade. Os adultos podem estimular e valorizar a curiosidade infantil, encorajando as crianças a questionar o mundo e explorar seus movimentos e espaços”, ressalta.

 

Ela destaca que a criança necessita de uma rotina para criar uma sensação de segurança e cuidado, ao mesmo tempo em que deve desfrutar de momentos livres para brincar, imaginar e explorar. “Brincadeiras são importantes para o bom desenvolvimento cognitivo, emocional e social. É fundamental que ela conviva com outras crianças e também com adultos que a respeitem, valorizem o seu desenvolvimento, seu tempo e sua singularidade, sendo exemplos nas resoluções de problemas, na expressão de emoções, na criatividade e na construção de hábitos saudáveis”, detalha Moraes.

 

Segundo Cris Poli, coordenadora na Escola do Futuro e conhecida pelo programa Supernanny, é fundamental entender que a infância é um período importantíssimo no desenvolvimento do ser humano e não pode ser ignorado. “As crianças e os pré-adolescentes precisam viver intensamente esses anos para poder desenvolver habilidades, amadurecer relacionamentos, cultivar a curiosidade, fazer descobertas e aproveitar o tempo de ócio, para que possam brincar livremente. Sobrecarregá-las com atividades extracurriculares estressa e rouba a qualidade de vida que elas precisam ter”, pontua.

 

Para Masini, a escola também deve proporcionar às crianças e pré-adolescentes uma experiência que olhe para o desenvolvimento do estudante e do que ele precisa para expandir as suas habilidades da melhor forma possível. “É importante respeitar as fases que estão passando, dando sempre o melhor, com atividades lúdicas e conteúdos diferenciados. Trabalhando com compromisso, porém de uma forma lúdica e leve”, ensina. 

 

Masini enfatiza que, para evitar o estresse desnecessário nas crianças, é fundamental estar presente em situações importantes, ouvir com atenção o que elas dizem, compreender suas necessidades e reconhecer seus sinais. Ela pontua que isso envolve afastar as distrações com dispositivos digitais e criar oportunidades para compartilhar momentos preciosos em família, como desfrutar das refeições juntos. Essas práticas são essenciais para garantir que as crianças possam crescer de forma saudável e equilibrada. 

 

Fatores de estresse infantil

 

• Separação dos pais: Uma causa comum e impactante do estresse infantil;

 

• Adoecimento ou necessidade de hospitalização: pode ser uma experiência assustadora para a criança;

 

• Nascimento de um novo irmão: a chegada de um irmãozinho pode causar ciúmes;

 

• Excesso de responsabilidades e informações: sobrecarga de tarefas e informações;

 

• Perda de familiares próximos: a morte na família é um evento muito estressante;

 

• Brigas familiares constantes: conflitos frequentes em casa podem causar estresse;

 

• Rejeição ou bullying entre colegas: sofrer maus-tratos de colegas ou parentes é prejudicial;

 

• Conflito de informações por parte dos pais ou responsáveis: informações contraditórias podem ser confusas;

 

• Mudanças repentinas no ambiente escolar ou de residência: mudar de escola ou casa pode ser estressante;

 

• Eventos estimulantes, como datas comemorativas: mesmo eventos divertidos podem ser cansativos.

 

Sintomas do estresse infantil

 

• Ansiedade: preocupação excessiva e nervosismo;

 

• Impaciência: incapacidade de esperar ou ser paciente;

 

• Desobediência: não seguir regras ou instruções;

 

• Medo excessivo: ter medo de coisas que não deveriam ser assustadoras;

 

• Agressividade: comportamento agressivo em relação aos outros;

 

• Pesadelos noturnos: sonhos ruins que assustam durante o sono;

 

• Insônia: dificuldade em dormir à noite;

 

• Choro constante: chorar frequentemente;

 

• Tiques: movimentos ou sons repetitivos e involuntários;

 

• Falta de apetite: perda de apetite e recusa em comer.

 

Tratamento e prevenção do estresse infantil

 

• Identificação das atividades causadoras de estresse na criança: descobrir o que está deixando a criança estressada;

 

• Permitir o desenvolvimento da criança para que ela possa lidar melhor com situações estressantes na idade adulta: deixar a criança crescer e aprender a lidar com o estresse;

 

• Redução dessas atividades para aliviar o quadro: diminuir ou ajustar as atividades estressantes;

 

• Apoio emocional e atenção dos pais e cuidadores: dar carinho, apoio e atenção à criança;

 

• Foco na prevenção do estresse infantil para promover o bem-estar das crianças: tentar evitar que a criança fique estressada e preocupada sempre que possível.

 

 

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