Os Três Nascimentos: um Convite à inteireza

Conheça os três nascimentos humanos e como eles refletem nossa jornada de vida e autodescoberta.

8 de novembro de 2024 - às 18h31 (atualizado em 8/11/2024, às 18h31)

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Canva

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Escrito por

Eunice Brito

Psicóloga

Nós como seres humanos temos uma busca essencial e intrínseca de completude e felicidade, que nos impulsiona e nos movimenta na vida no reencontro do nosso tesouro interior. 

Nesta busca, o grande desafio é nos tornarmos plenamente humanos, fazendo escolhas e capazes de nos tornar totalmente responsáveis por nossa vida. 

Segundo Virginia Satir, uma grande pensadora e terapeuta, que influenciou muitas das correntes de autodesenvolvimento da atualidade, o ser humano tem a possibilidade ao longo da mesma vida de ter três nascimentos. 

O primeiro nascimento é o momento da concepção, onde a força da vida na sua exuberância se manifesta, onde nós nos tornamos um potencial a se desenvolver. Estamos em processo do vir a luz e deixar brilhar aquilo que em essência somos. É o ciclo da semente, que tem o registro da Árvore como um todo, mas ainda não saiu de dentro da terra. 

O segundo nascimento é o momento em que nascemos do ventre de nossa mãe e temos a nossa primeira experiência do lado de fora do útero. Iniciamos nossa trajetória na Terra, para encontrar e reencontrar pessoas, aprender, crescer e evoluir. 

Temos uma parte nossa que ao longo dos nossos aprendizados se mantém integra, imaculada, que nos lembra em diversos momentos que somos um milagre da força vital e que temos todos os recursos para expressar esta natureza. É a nossa voz interior, o nosso Self. 

Na jornada de aprendizado que realizamos a partir desta entrada no mundo relacional, muitas coisas acontecem que nos aproxima ou distancia desta essência em nós. 

O grande desafio da evolução nesta dimensão é nos aproximarmos desta essência e nos tornamos mais plenamente humanos, fazendo nossas escolhas e respondendo as circunstâncias e aos eventos ao invés de reagirmos a estes. Nos tornando responsáveis pela vida que recebemos. 

Sartre escreveu: “Não importa o que fizeram a você, importa o que você faz do que fizeram a você”. 

Nós não temos capacidade de alterar o passado, mas temos o poder de mudar os efeitos do mesmo sobre nós mesmos, fazer o nosso presente de acordo com as nossas escolhas e desenhar o futuro desejado. 

Ao fazermos a escolha de sermos responsáveis pelas nossas escolhas e vida temos o marco do terceiro nascimento. 

Aprendemos com nossos pais, os primeiros seres humanos que servem de modelo para nossa caminhada na Terra. Muitas coisas que aprendemos com eles são fruto da experiência deles, de padrões familiares, que podem ser inclusive disfuncionais. 

Portanto podem ser ressignificados, gerando novos aprendizados que facilitem a expressão real das nossas potencialidades e do brilho interior. Isto é tornar-se plenamente humano, é ser uma pessoa na integra. Quando fazemos isso contribuímos também na espiral de crescimento sistêmico familiar. 

É poder viver a experiência de harmonia com o corpo, mente, sentimentos, alma e espirito, refletida nas ações de interação consigo mesmo e com o outro. A essa experiência damos o nome de congruência, individuação, evolução, etc. Não importa o nome dado, o significado maior é que temos escolhas de buscar a expressão plena de nosso espirito, do nosso Self, ou seja daquela dimensão dentro de nós que é a manifestação da Força vital. 

Neste modelo afirmamos que os pais são os instrumentos ativadores da vida neste plano, porque a vida em essência já existe. Ela pertence a dimensão da Força Universal e como tal se manifesta em múltiplas e variadas formas. 

Com os pais vivemos a experiência de aprendizado nas dimensões do pensar, sentir e fazer, mas temos a capacidade de aprendermos coisas novas e nos transformamos em quem queremos ser e não apenas em quem devemos ser. Aceitá-los como pessoas que também estão em evolução é um passo na direção da inteireza do ser. 

A formatação do que devemos pensar, sentir e fazer é útil para que possamos ter a sensação de pertencimento ao clã, mas também gera a manutenção de padrões familiares, muitas vezes disfuncionais, fidelidades que muitas vezes nos impede de manifestar aquilo que realmente somos. 

O processo de discriminação entre o que aprendemos e o que somos possibilita compreendermos e aceitarmos a história, os eventos e os atores envolvidos, de uma forma onde assumimos o protagonismo da nossa vida. É uma jornada de descoberta em direção a estrela que somos em essência. 

A teoria dos três nascimentos nos convida a refletir sobre a jornada humana como um processo contínuo de crescimento e transformação. É um chamado para vivermos em plenitude e alinhamento com nossa essência.

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