Reconstrução da mama após a mastectomia: o resgate da autoestima

Entenda as opções e cuidados para a reconstrução da mama após a mastectomia

19 de outubro de 2023 - às 11h07 (atualizado em 19/10/2023, às 11h07)

mulher cobre o seio nu com uma fita do outubro rosa (de prevenção do câncer de mama) na mão
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

Em 2022, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou  que houve aproximadamente 66.280 novos casos de câncer de mama no Brasil, o que equivale a 44 diagnósticos a cada 100.000 mulheres. A Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM) destaca que 70% delas passam por mastectomia, principalmente devido à identificação da doença em estágios avançados. Segundo a SBM, nos últimos 10 anos, cerca de 110.000 mulheres passaram por essa cirurgia. Dentre elas, 25.000 optaram por reconstruir a mama após a mastectomia.  Para Marcelo Sampaio, cirurgião plástico do Hospital Sírio Libanês, a reconstrução da mama após a mastectomia recupera a autoestima e renova a autoconfiança da mulher. “A reconstrução é o passo mais importante depois da mastectomia. Essa técnica vai além da estética e contribui para a saúde mental, estabilização emocional, devolve a socialização e ainda faz com que a mulher retorne à sua sexualidade com mais segurança”, afirma.

 

Como é feita reconstrução mamária

 

De acordo com Sampaio, existem diferentes técnicas de reconstrução da mama, e a escolha da mais apropriada depende do tipo de cirurgia de remoção da mama e das necessidades individuais da paciente. “A reconstrução é personalizada, considerando a quantidade de tecido mamário preservado, as características pessoais e as expectativas da paciente. Em muitos casos, implantes de silicone são uma opção, enquanto em outros, tecido do próprio corpo, como na técnica (Deep Inferior Epigastric Perforator) DIEP, pode ser preferível”, explica. 

 

A técnica DIEP envolve a transferência de tecido adiposo e vasos sanguíneos da região abdominal inferior da paciente para criar uma nova mama. A principal vantagem é que preserva os músculos abdominais, resultando em recuperação mais rápida e uma mama reconstruída com aspecto e sensação naturais. 

 

Além disso, Sampaio destaca que a reconstrução também pode abranger a recriação das aréolas e mamilos. “Algumas mulheres que passam pela reconstrução mamária optam por ajustar ou até mesmo aumentar a mama que não foi afetada pela mastectomia, visando alcançar uma simetria corporal. A técnica conhecida como Breast in a Day (“seio em um dia”) permite a realização da mastectomia, reconstrução da mama, aréolas e mamilos, tudo em um único procedimento. Essa abordagem é altamente personalizada com base nas características e necessidades da paciente, frequentemente auxiliada por tecnologias de realidade virtual, como a reconstrução mamária 3D”, explica. 

 

Tipos de reconstrução da mama

 

  • Prótese de silicone: esta é uma escolha para pacientes que desejam uma recuperação mais rápida após a mastectomia. Geralmente é recomendada para mulheres com seios pequenos ou médios. Nesse procedimento, uma prótese de silicone é usada para reconstruir a forma da mama;

 

  • Expansor de mama: semelhante à prótese de silicone, o expansor de mama é uma opção para mulheres que desejam uma recuperação rápida. Normalmente é usado em mamas médias e grandes, ou quando uma quantidade significativa de pele é removida durante a mastectomia. O expansor é colocado temporariamente e gradualmente inflado para esticar a pele, permitindo a inserção posterior de uma prótese de silicone;

 

  • Retalho do músculo grande dorsal: esta é uma técnica versátil que pode ser indicada para a maioria das pacientes. Geralmente, envolve a utilização de um músculo das costas (músculo grande dorsal) juntamente com uma prótese de silicone, se necessário, para criar a mama reconstruída. Em algumas situações, como em pacientes com excesso de peso ou gordura nas costas, a prótese de silicone pode não ser necessária. A cicatriz é planejada para ficar escondida sob roupas íntimas, como sutiãs e biquínis;

 

  • Retalho do músculo reto abdominal: é indicada para pacientes que desejam uma mama reconstruída com uma sensação macia e natural ao toque. Esta técnica envolve a remoção de tecido abdominal, melhorando também o contorno do abdome. A cicatriz é projetada para ficar escondida sob roupas íntimas;

 

  • Enxerto de gordura: usado para reconstruir completamente a mama em pacientes com seios pequenos ou para melhorar a aparência da pele após radioterapia. Também pode ser utilizado para corrigir defeitos após outras formas de reconstrução. Geralmente, o enxerto de gordura é uma parte útil do processo de reconstrução mamária.

 

Quem pode fazer a reconstrução mamária

 

A reconstrução da mama pode ser oferecida a todas as mulheres que tiverem condições de realizar o procedimento. No entanto, Sampaio aconselha que é importante conversar com o profissional para evitar falsas expectativas, já que durante a avaliação a paciente pode ter restrições ao procedimento, seja pelo quadro oncológico ou por não ter tecido em excesso para a reconstrução.  Normalmente, quem pode considerar a reconstrução:

 

  • Mulheres submetidas à mastectomia: a reconstrução mamária é uma opção para mulheres que passaram por uma mastectomia, independentemente do motivo, como câncer de mama ou prevenção de alto risco;

 

  • Consulta personalizada com o médico: a possibilidade de fazer a reconstrução da mama é avaliada individualmente durante uma consulta com o cirurgião plástico. A paciente e o médico conversam sobre as opções e o momento certo para a reconstrução;

 

  • Orientação do cirurgião plástico: um cirurgião plástico especializado em reconstrução mamária é essencial para orientar a paciente sobre as opções disponíveis e ajudá-la a tomar a decisão adequada;

 

  • Boas condições de saúde: em geral, as pacientes devem estar em boas condições de saúde para serem candidatas à reconstrução mamária. Essa avaliação inclui a saúde geral e a presença de condições médicas que podem afetar a cirurgia;

 

  • Diversidade de opções: existem diversas técnicas e abordagens para a reconstrução mamária, o que significa que as pacientes têm a flexibilidade de escolher a opção que melhor se adapta às suas necessidades e preferências individuais;

 

  • Escolha da paciente: a decisão de prosseguir com a reconstrução mamária é pessoal. Cada mulher tem o direito de escolher se deseja ou não realizar o procedimento.

 

Cuidados pré-operatórios 

 

  • Avaliação médica: o processo começa com uma avaliação médica para determinar a possibilidade para a cirurgia;

 

  • Exames clínicos: exames de sangue, glicemia, coagulação e eletrocardiograma são realizados para identificar possíveis riscos e garantir as condições adequadas para a cirurgia;

 

  • Mudanças de hábitos: em alguns casos, pode ser preciso fazer mudanças, como interromper o uso de medicamentos ou parar de fumar, para melhorar as condições para a cirurgia.

 

Cuidados pós-operatórios 

 

  • Acompanhante: é recomendado que a paciente tenha alguém para acompanhá-la, pois é aconselhado evitar movimentos intensos nos braços e descansar adequadamente;

 

  • Dreno temporário: um dreno pode ser colocado temporariamente sob a pele para ajudar na drenagem de fluidos;

 

  • Sutiã de sustentação: o uso de um sutiã é importante para garantir a sustentação dos seios durante o processo de recuperação;

 

  • Medicação: é fundamental seguir rigorosamente o receituário médico para controlar a dor e auxiliar na cicatrização;

 

  • Fisioterapia: a paciente deve realizar os movimentos indicados pelo fisioterapeuta para uma recuperação mais eficaz;

 

  • Consultas de acompanhamento: comparecer às consultas marcadas para curativos e acompanhamento médico é essencial para garantir a recuperação adequada;
  • Restrições iniciais: nos primeiros meses, é aconselhado evitar dirigir e praticar exercícios físicos;

 

  • Proteção solar: evitar a exposição da área operada aos raios solares ajuda na cicatrização;

 

  • Nutrição adequada: uma alimentação adequada, especialmente se houver recomendações específicas, é importante para a recuperação;

 

  • Comunicação com o médico: caso ocorram dores intensas, febres ou mau odor nos curativos, é fundamental comunicar imediatamente o médico para avaliação e orientação.

 

 

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