Saúde mental e financeira: estratégia para gerenciar o seu dinheiro

83% dos endividados têm dificuldade para dormir devido às dívidas, indica pesquisa

16 de julho de 2023 - às 15h26 (atualizado em 28/11/2023, às 15h47)

homem com forro do bolso vazio à mostra
Crédito:

Envato

Escrito por

Dayana Bonetto

Redatora Let's Move 360

O endividamento das famílias brasileiras atingiu níveis preocupantes em 2022, de acordo com dados divulgados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). O estudo constatou que 77,9% das famílias estavam endividadas, registrando um recorde desde o início da pesquisa em 2010. O que afeta a saúde mental e financeira. 

Além de causar prejuízos ao bolso, as dívidas também afetam outros aspectos da vida. A 5ª edição da pesquisa Perfil e Comportamento do Endividamento Brasileiro, encomendada pela Serasa, no final do ano passado, e que ouviu 5.225 pessoas em todas as regiões do país, revelou dados alarmantes sobre o cenário psicológico dos endividados. Entre os principais resultados encontrados no levantamento da Serasa, destacam-se:

  • 83% dos endividados têm dificuldade para dormir devido às dívidas;
  • 78% relatam ter surtos de pensamentos negativos causados pelos débitos vencidos;
  • 74% enfrentam dificuldade de concentração nas tarefas diárias;
  • 62% afirmam que o relacionamento conjugal foi afetado pela situação financeira;
  • 61% vivenciam uma constante sensação de “crise e ansiedade” ao pensar na dívida;
  • 53% dos entrevistados revelam sentir “muita tristeza” e “medo do futuro”;
  • 51% têm vergonha de sua condição de endividado;
  • 33% perderam a confiança em cuidar de suas próprias finanças;
  • 31% sentiram o impacto das dívidas nos relacionamentos familiares.

Esses números evidenciam o impacto significativo das dívidas na saúde mental e emocional das pessoas.

 

Tempo, felicidade e metas: o equilíbrio entre saúde financeira e bem-estar mental

Gerenciar as finanças e promover a tranquilidade mental são aspectos interligados que podem impactar significativamente a qualidade de vida das pessoas. A psicóloga Adriana Morales destaca a importância de compreender essa relação e adotar medidas para alcançar um equilíbrio saudável.

Segundo Morales, “Culturalmente, somos influenciados a acreditar que a felicidade é vivida apenas em momentos pontuais, alimentando a ideia de que não é possível experimentar uma sensação contínua de contentamento e plenitude”. No entanto, ela ressalta que a felicidade está relacionada ao tempo não comercializado, “aqueles momentos em que podemos desfrutar das coisas e experiências que nos trazem alegria”.

Um dos pontos destacados pela psicóloga é o uso estratégico do tempo na construção de recursos financeiros. “Trabalhar arduamente sem um plano adequado pode levar à crença de que, quanto mais nos esforçamos, mais dinheiro ganhamos”.  No entanto, para preservar a saúde emocional e ter clareza em relação aos objetivos, é essencial estabelecer metas realistas e compreender o que é suficiente para satisfazer nossas necessidades, “sem subestimar nosso valor”. Essa perspectiva é fundamental para promover a tranquilidade mental em relação às finanças.

Outro aspecto abordado por Morales é a conexão entre um bom gerenciamento financeiro e o autoconhecimento. “Conhecer-se profundamente permite fazer escolhas saudáveis, valorizando o que é verdadeiramente importante e trazendo felicidade”, ensina ela. Viver de forma livre, consciente do presente e com visão para o futuro, definindo metas alinhadas aos objetivos pessoais, mas livres de pressões externas, é essencial para uma existência significativa. Se algo nos pressiona e perturba nossa paz, pode ser necessário reavaliar e recalcular a rota.

Portanto, para alcançar um gerenciamento financeiro saudável e promover a tranquilidade mental, é fundamental considerar a relação entre tempo, felicidade, definição de metas e autoconhecimento. Ao cuidar desses aspectos, é possível construir uma vida financeira equilibrada e encontrar a paz de espírito tão almejada.

 

Método Do 0 à Paz Financeira

Tiago França, educador financeiro, compartilha estratégias fundamentais para alcançar um gerenciamento financeiro adequado e manter-se dentro do orçamento.

França destaca o método Do 0 à Paz Financeira. Ele explica que nesse método, o dinheiro é dividido em porcentagens assim que entra na conta bancária. Essa abordagem permite destinar porcentagens específicas para diferentes finalidades, garantindo distribuição inteligente dos recursos.

Segundo o educador financeiro, uma das premissas fundamentais desse método é reservar 5% do valor recebido para pagamento a si mesmo. “Esse valor é especialmente relevante para aqueles que não possuem um salário fixo e precisam ter clareza sobre seus rendimentos”, explica. Para indivíduos que recebem comissões ou lucros variáveis, ele recomenda separar 100% para pagamento a si mesmo, como forma de construir uma base financeira sólida. Outra parcela do valor recebido deve ser destinado a obras de caridade. “É importante destinar 10% do dinheiro para doações, permitindo que as pessoas contribuam com instituições de caridade, igrejas ou ajudem aqueles que mais precisam”, ressalta França.

Em seguida, o educador financeiro recomenda utilizar 60% do valor para pagar as contas, garantindo uma gestão adequada das despesas e evitando endividamentos desnecessários. No entanto, ele alerta sobre a administração desse dinheiro. “Caso as despesas não possam ser cobertas com 60% do rendimento, é crucial analisar detalhadamente as contas e identificar gastos excessivos”, diz.

Investir também é uma etapa fundamental para garantir um futuro financeiro sólido, segundo França. Ele incentiva a reserva de 10% do dinheiro para investimentos. Nesse sentido, o educador financeiro adverte que muitas pessoas não têm o hábito de investir devido à falta de determinação e conhecimento, mas ele indica que, ao separar uma porcentagem para investimentos, é possível dar os primeiros passos em direção à construção de um patrimônio.

No método Do 0 à Paz Financeira, há espaço para a realização de sonhos. O educador financeiro afirma que é importante separar 10% para esse fim. “Aqui é o momento da pessoa investir em algo específico, como, por exemplo, uma casa. Essa parcela destinada aos sonhos permite que as pessoas tenham objetivos claros e motivadores, impulsionando-as a economizar e investir para alcançá-los”, ressalta. França sugere também utilizar 5% do valor para gastos pessoais. Segundo ele, isso proporciona liberdade e flexibilidade para a pessoa desfrutar dos prazeres da vida sem comprometer a saúde financeira.

Seguir essas estratégias requer disciplina, comprometimento e uma mudança de mentalidade, mas os resultados podem trazer estabilidade financeira e uma vida mais tranquila.

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